Ministro brasileiro diz que pandemia entre indígenas está sob controlo

2 de Julho 2020

O ministro da Defesa brasileiro negou na quarta-feira, durante uma viagem às terras da etnia Yanomami, que os indígenas estejam ameaçados pela pandemia de Covid-19, como afirmam várias organizações não-governamentais (ONG), considerando que a situação está "sob controlo".

“Isso é muito importante para nós, devemos proteger os nossos nativos”, disse o ministro Fernando Azevedo e Silva após visitar o Pelotão Especial de Fronteira na aldeia Surucucu, no norte de Roraima, onde militares realizam uma operação que inclui atendimento médico.

No local, os indígenas foram examinados para detetar possíveis sintomas do novo coronavírus, tendo sido submetidos a testes rápidos, segundo a agência AFP.

Até ao final da tarde de quarta-feira, cerca de 10 pessoas tinham sido examinadas e todas testaram negativo para a Covid-19.

O ministro elogiou o apoio das Forças Armadas na luta contra a pandemia, principalmente através do transporte de equipamentos médicos e medicamentos, alimentos e equipas de profissionais de saúde.

Na década de 1970, os Yanomami, que somam cerca de 27.000 indígenas no Brasil, foram dizimados, assim como outros grupos étnicos, por doenças transmitidas por colonizadores europeus e pela chegada de garimpeiros, exploradores de metais preciosos.

Segundo a organização ambiental Greenpeace, 72% do garimpo ilegal realizado nos quatro primeiros meses do ano ocorreu em reservas indígenas e em áreas protegidas do país, onde também a desflorestação disparou.

Azevedo e Silva assegurou que as ações de fiscalização do garimpo ilegal são constantes e afirmou que a morte de dois indígenas Yanomami por garimpeiros clandestinos, denunciada na semana passada, “é um facto isolado”.

“Quem relata esse incidente pode pensar que é algo corriqueiro. Não é, é um facto isolado nesta área. Eu sou da Defesa, acompanho isso, e foram tomadas as medidas cabíveis”, disse o governante, acrescentando que o caso está sob investigação e que um inquérito foi aberto.

Segundo dados da Articulação de Povos Indígenas do Brasil, organização que coordena a luta dos povos originários pelos seus direitos, mais de 110 povos indígenas foram afetados pela pandemia, com quase 10.000 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, dos quais mais de 380 morreram.

Já de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Indígena, tutelada pelo Ministério da Saúde e que contabiliza apenas os casos de indígenas que vivem em aldeias, existem cerca de 6.500 casos confirmados de Covid-19 e 156 mortes.

O Brasil ultrapassou hoje a barreira das 60 mil mortes devido à Covid-19, após registar 1.038 óbitos e 46.712 novos casos nas últimas 24 horas, informou o Ministério da Saúde brasileiro.

O país sul-americano totaliza assim 60.632 vítimas mortais e 1.448.753 pessoas diagnosticadas desde 26 de fevereiro, data oficial do registo do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 512 mil mortos e infetou mais de 10,56 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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