Francisco Assis considera que o SNS não precisa só de mais dinheiro mas de “reformas profundas”

19 de Outubro 2021

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), Francisco Assis, defendeu esta segunda-feira que o Serviço Nacional de Saúde “não precisa apenas de mais dinheiro”, mas de “reformas profundas” no “modelo de financiamento” e na “gestão das unidades de saúde”.

“Para que o Serviço Nacional de Saúde [SNS] possa responder cabalmente, não precisa apenas de mais dinheiro. Precisará, certamente, de mais dinheiro, mas, fundamentalmente, precisa de reformas profundas, ao nível do modelo de financiamento, do modelo de gestão das unidades de saúde. É preciso introduzir maior autonomia nas unidades de saúde”, defendeu.

Francisco Assis falava hoje aos jornalistas depois de ter visitado a nova ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, e de ter reunido com o presidente do Conselho de Administração daquele hospital.

Depois dessa reunião, em que diz ter tido “oportunidade de conversar e pensar o futuro”, o presidente do Conselho Económico e Social (CES) destacou que a saúde é uma “preocupação” daquele órgão, lembrando que foi criado um grupo de trabalho, “coordenado por Adalberto Campos Fernandes, num debate muito aberto sobre o sistema de saúde”.

“Consideramos que o SNS tem um papel central, sem desvalorizar a componente social e privada”, afirmou.

O socialista usou aquele hospital como exemplo, referindo: “É impensável que um hospital desta dimensão não tenha autonomia para algumas decisões tão simples como contratar funcionários para determinadas áreas”.

Assis considera ainda que “é preciso que haja formas de uma gestão mais flexível, recompensando melhor aqueles que trabalham mais, incentivando o trabalho, criando condições de atração”, já que “um dos problemas […] em Portugal é um de migração de médicos e enfermeiros altamente qualificados, ou para o setor privado, que cresceu muito nos últimos anos em Portugal, ou para outros países europeus”.

Para o líder do CES, “formar mais médicos é uma decisão correta do Governo, mas é importante que haja condições para garantir que grande parte desses médicos vá trabalhar no Serviço Nacional de Saúde”.

No dia em que visitou a nova ala pediátrica do São João, que, disse, “vai significar uma mudança radical para milhares de crianças da região”, apontou para a necessidade de, “ao lado dos investimentos”, “fazer as reformas que são importantes e qualitativas”.

Assis reconheceu que o SNS “é uma das maiores conquistas da democracia portuguesa” e “foi um dos fatores que mais justiça trouxe ao país”, mas acredita que, “como todas as coisas, tem de se modernizar, adaptar”.

“Não podemos viver na eterna nostalgia do que foi e funcionou, temos de olhar para o futuro e ter instrumentos de gestão próprios do século XXI”, rematou.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

OMS alcança acordo de princípio sobre tratado pandémico

Os delegados dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram este sábado, em Genebra, a um acordo de princípio sobre um texto destinado a reforçar a preparação e a resposta global a futuras pandemias.

Prémio Inovação em Saúde: IA na Sustentabilidade

Já estão abertas as candidaturas à 2.ª edição do Prémio “Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade”. Com foco na Inteligência Artificial aplicada à saúde, o concurso decorre até 30 de junho e inclui uma novidade: a participação de estudantes do ensino superior.

Torres Novas recebe IV Jornadas de Ortopedia no SNS

O Centro de Responsabilidade Integrado de Ortopedia da ULS Médio Tejo organiza as IV Jornadas dos Centros de Responsabilidade Integrados na área da Ortopedia este sábado, 12 de abril, no Teatro Virgínia, em Torres Novas. O evento reúne especialistas nacionais e internacionais.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights