“Para que o Serviço Nacional de Saúde [SNS] possa responder cabalmente, não precisa apenas de mais dinheiro. Precisará, certamente, de mais dinheiro, mas, fundamentalmente, precisa de reformas profundas, ao nível do modelo de financiamento, do modelo de gestão das unidades de saúde. É preciso introduzir maior autonomia nas unidades de saúde”, defendeu.
Francisco Assis falava hoje aos jornalistas depois de ter visitado a nova ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, e de ter reunido com o presidente do Conselho de Administração daquele hospital.
Depois dessa reunião, em que diz ter tido “oportunidade de conversar e pensar o futuro”, o presidente do Conselho Económico e Social (CES) destacou que a saúde é uma “preocupação” daquele órgão, lembrando que foi criado um grupo de trabalho, “coordenado por Adalberto Campos Fernandes, num debate muito aberto sobre o sistema de saúde”.
“Consideramos que o SNS tem um papel central, sem desvalorizar a componente social e privada”, afirmou.
O socialista usou aquele hospital como exemplo, referindo: “É impensável que um hospital desta dimensão não tenha autonomia para algumas decisões tão simples como contratar funcionários para determinadas áreas”.
Assis considera ainda que “é preciso que haja formas de uma gestão mais flexível, recompensando melhor aqueles que trabalham mais, incentivando o trabalho, criando condições de atração”, já que “um dos problemas […] em Portugal é um de migração de médicos e enfermeiros altamente qualificados, ou para o setor privado, que cresceu muito nos últimos anos em Portugal, ou para outros países europeus”.
Para o líder do CES, “formar mais médicos é uma decisão correta do Governo, mas é importante que haja condições para garantir que grande parte desses médicos vá trabalhar no Serviço Nacional de Saúde”.
No dia em que visitou a nova ala pediátrica do São João, que, disse, “vai significar uma mudança radical para milhares de crianças da região”, apontou para a necessidade de, “ao lado dos investimentos”, “fazer as reformas que são importantes e qualitativas”.
Assis reconheceu que o SNS “é uma das maiores conquistas da democracia portuguesa” e “foi um dos fatores que mais justiça trouxe ao país”, mas acredita que, “como todas as coisas, tem de se modernizar, adaptar”.
“Não podemos viver na eterna nostalgia do que foi e funcionou, temos de olhar para o futuro e ter instrumentos de gestão próprios do século XXI”, rematou.
LUSA/HN
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