“O exercício físico contribui para o bem-estar físico e psicológico, reduz os níveis de glicose no sangue, contribui para a perda de peso e promove a saúde”, diz Tânia Matos, interna de formação específica em Endocrinologia no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, no início de um vídeo publicado no canal de Youtube da SPD no passado dia 10 de dezembro.
Falamos de exercício físico aeróbio, exercício físico anaeróbio – ou exercício de resistência ou de força – e exercícios de flexibilidade, alongamento e equilíbrio. O primeiro “envolve o movimento contínuo e repetido de grandes grupos musculares, com intensidade ligeira a moderada”, e “produz energia através do metabolismo dependente de oxigénio”; o segundo “envolve a atividade de pequenos ou grandes grupos musculares”, caracteriza-se por “exercícios de curta duração e elevada intensidade” e “produz energia através de metabolismo independente de oxigénio”; e os exercícios de flexibilidade “procuram melhorar a amplitude articular, o equilíbrio na marcha e também a resistência”, informa a interna. Caminhada, jogging, ciclismo e natação pertencem ao grupo aeróbio; sprints ou musculação são atividades do grupo anaeróbio; e o tai chi e o yoga estão entre os exercícios de flexibilidade.
“O exercício físico aeróbio aumenta a sensibilidade à insulina e, portanto, melhora o controlo glicémico, reduz a pressão arterial, diminui os níveis de colesterol, melhora a função cardíaca e pulmonar e fortalece o sistema imunitário. Volumes moderados de atividade física aeróbia estão associados a uma redução da mortalidade cardiovascular e por todas as causas em pessoas com diabetes tipo 1”, expõe a interna. Já “o exercício físico anaeróbio melhora a composição corporal aumentando a massa muscular, a força e a densidade mineral óssea. Além disso, aumenta a sensibilidade à insulina, reduz a pressão arterial, melhora o perfil lipídico e promove a saúde cardiovascular no geral. No entanto, na diabetes tipo 1, não é claro que este tipo de exercício melhore o controlo glicémico”. Por sua vez, “os exercícios de flexibilidade, alongamento e equilíbrio são recomendados para doentes com maior limitação articular, permitem melhorar as amplitudes articulares, reduzir o risco de queda e melhorar o equilíbrio”.
Contudo, “há algumas situações nas quais alguns tipos de exercício não estão recomendados”. Por isso, “siga sempre os conselhos da sua equipa de saúde”, aconselha Tânia Matos.
João Roque, interno de formação específica em Endocrinologia no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, aborda a relação entre a hipoglicemia e o exercício físico, e os cuidados com a alimentação e ajustes de bólus (antes, durante e depois do exercício).
“O exercício físico diminui a resistência à insulina, o que à partida é benéfico. No entanto, em situações específicas”, pode gerar hipoglicemia. “A hipoglicemia induzida pelo exercício físico pode ocorrer durante o exercício ou até 15 horas depois, sendo a hipoglicemia noturna aquela que acarreta mais riscos. Já a hiperglicemia pode resultar de exercício físico aeróbio de alta intensidade, como os sprints”, ou de “exercício físico anaeróbio com cargas elevadas, como o power lifting. No entanto, a hiperglicemia, na maioria dos casos, surge por reduções excessivas das dosagens de insulina administradas”, ou “por aumento excessivo dos hidratos de carbono consumidos antes e depois do exercício”, esclarece João Roque.
O interno adverte que “a pessoa com diabetes tipo 1 deverá sempre avaliar a glicémia capilar antes e durante o exercício físico”.
“Se a glicose for inferior a 70 mg/dL, deverá ser primeiro corrigida a hipoglicemia, com a ingestão de hidratos de carbono de absorção rápida, ingeridos posteriormente hidratos de carbono de absorção lenta e só depois iniciado o exercício. Se a glicémia estiver entre 90 e 250 mg/dL, poderá ser iniciado o exercício, e se a glicémia for superior a 250 mg/dL, deverá nessa altura ser avaliada a cetonemia. Em casos em que a cetonemia seja igual ou superior a 0,6 mmol/L, deverá ser iniciada correção com a insulina e o exercício deverá ser atrasado ou adiado. Se a cetonemia for superior a 1,5mmol/L, a prática de exercício físico está contraindicada”, indica João Roque.
Para saber mais sobre cuidados a ter antes, durante e após a prática de exercício físico, e com que regularidade este é recomendado em diferentes grupos etários, assista ao vídeo do GETAD.
HN/Rita Antunes
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