A obesidade aumenta complicações e pode ser um fator de risco de morte em caso de contágio pelo novo coronavírus, mesmo nos mais jovens. As declarações feitas pela Direção-Geral da Saúde dispararam os alertas para a importância de procurar ajuda médica.
De acordo com a Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) para além da obesidade aumentar as complicações e a mortalidade dos doentes em caso de infeção, a doença está associada a outras 200 doenças e 13 tipos de cancros.
“A obesidade é uma doença que está muitas vezes associada a diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, apneia do sono, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, incontinência urinária, sendo ainda responsável por alterações musculoesqueléticas, infertilidade, depressão, diminuição da qualidade de vida e mortalidade aumentada. Tendo em conta que muitas vezes a pessoa com obesidade tem múltiplas patologias associadas, a intervenção médica é a única solução, sendo muitas vezes necessária uma intervenção multidisciplinar”, explica a endocrinologista e presidente da SPEO, Paula Freitas.
A vulnerabilidade dos doentes obesos preocupa os especialistas, considerando “fundamental” o acompanhamento médico dos doentes, sobretudo no contexto atual de pandemia. No entanto, a presidente da SPEO admite que o tratamento da doença só pode ser conseguido se houve vontade por parte do doente e uma resposta eficaz por parte dos serviços de saúde.
Paula Freitas explica, assim, que “o doente com obesidade tem de se rodear de estratégias para o empenho na mudança comportamental e na promoção de um estilo de vida saudável. Ora, isto também requer o empenho dos profissionais de saúde. Estes doentes deveriam ter acesso nos cuidados primários a consultas dirigidas ao tratamento da obesidade ou prevenção da obesidade ou prevenção da progressão para obesidade naqueles com pré-obesidade. Como doença complexa que é, é necessária uma equipa multidisciplinar que inclua o médico, o nutricionista, o psicólogo e também o fisiologista do exercício físico.”
Segundo a especialista uma das principais barreiras dos doentes “é que muitas vezes os profissionais de saúde, até por limitação de tempo, tratam todas as outras doenças, inclusivamente aquelas que já são consequência da obesidade, mas não abordam o problema da obesidade”.
A Federação Mundial da Obesidade (WOF) revelou que as doenças relacionadas com a obesidade parecem piorar o impacto da Covid-19, considerando fundamental garantir cuidados “redrobrados” aos doentes de forma a prevenir a infeção. “Além disso, as pessoas com obesidade que adoecem com Covid-19 e necessitam de cuidados intensivos enfrentam desafios acrescidos pois é mais difícil entubar doentes com obesidade, pode ser mais difícil obter imagens de diagnóstico (existem limites de peso nas máquinas que fazem os exames de imagiologia) e estes doentes são mais difíceis de posicionar e transportar pela equipa de cuidados de saúde.”
Os especialistas alteram para o facto de a pandemia ter aumentado as taxas de obesidade, uma vez que os programas de perda de peso e intervenções cirúrgicas foram restringidos nos últimos meses. É por isso altura, segundo a SPEO, de olhar com seriedade para a importância de tratar a obesidade de forma eficaz.
PR/HN/Vaishaly Camões
Obesidade aumenta risco de mortalidade por Covid-19 mesmo em jovens
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