Empresários querem criar zona “livre de covid” no Bairro Alto em Lisboa

21 de Janeiro 2022

Os empresários de bares e discotecas querem criar uma zona livre de Covid no Bairro Alto, em Lisboa, colocando para o efeito postos de testagem em todos os seus acessos, disse à Lusa o presidente da associação do setor.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Portuguesa de Bares e Discotecas e Animadores explicou que no ano passado, quando estes estabelecimentos começaram a abrir, mas com muitas restrições, apresentou a proposta ao então presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS).

“O projeto foi feito pela direção da associação conjuntamente com uma agência. Consistia em ‘barricar’ o bairro colocando centros de testagem em todos os acessos e que iria fazer com que não houvesse aquelas filas que existem agora no Largo de Camões de três e quatro horas de espera para as pessoas fazerem o teste. Havia testagem à volta do bairro e a quem testasse negativo era dada uma pulseira que permitiria andar lá dentro como se não existisse covid e quem testasse positivo não entrava e ficava identificado para ir para isolamento”, explicou Ricardo Tavares.

O presidente da associação referiu que chegou a falar do projeto com Fernando Medina, que o achou “interessante”, tendo pedido que fosse apresentado à câmara.

“Nós apresentámos, andou dois meses sem nos dar resposta, mas depois veio a campanha para as eleições autárquicas e nada se resolveu”, disse.

A associação, já em campanha eleitoral para as autárquicas, abordou o assunto com Carlos Moedas (PSD) durante uma visita ao Bairro Alto.

“Falámos sobre o projeto com Carlos Moedas, pediu para enviarmos, pois achou o projeto interessante. Entretanto enviámos ’emails’ a pedir uma reunião e aguardamos por uma data”, referiu.

Ricardo Tavares destacou à Lusa que este projeto poderá ser aplicado noutras zonas de animação noturna do país.

“A Baixa do Porto ou a zona da Oura são zonas do país onde também poderia ser feito, permitindo aos poucos que o país volte ao que era antes da pandemia”, salientou.

Contactado pela Lusa a propósito deste projeto, o presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, Hilário Castro, considerou que o efeito prático do projeto é praticamente nulo.

“Tudo o que possa melhorar e minimizar o impacto da situação é benéfico, agora essa parte já acontece. Dentro daquilo que é possível já se fazem os testes. Há três centros à volta do Bairro Alto, mas isso não resolve muito porque mesmo os próprios centros que existem não têm capacidade suficiente para o público que acorre a esta zona”, explicou.

Na opinião de Hilário Castro, o projeto não faz muito sentido e “o efeito é quase nulo”.

“O objetivo é que as pessoas que gostariam de vir aos restaurantes e aos bares usassem esses centros, mas qualquer pessoa o pode usar. Aquilo serve para tudo e muitas vezes retira o efeito para o qual foi montado e os nossos clientes acabam por desistir porque as filas são enormes”, contou.

No entendimento de Hilário Castro, o grande problema está no cumprimento das regras para travar a pandemia de Covid-19.

“As pessoas não cumprem as regras, não usam máscara, nem [cumprem] o distanciamento. O grande problema está aqui”, disse.

A agência Lusa tentou, sem sucesso, contactar a presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla Madeira.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Secretária de Estado visita ULS Coimbra e valida plano de inverno

A Secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, visitou hoje a ULS de Coimbra, onde conheceu as obras de requalificação da urgência e o plano de contingência para o inverno 2024/2025, que já apresenta resultados positivos na redução de afluência

Violência doméstica: Cova da Beira apoiou 334 vítimas

O Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica e de Género da Cova da Beira acompanhou, este ano, 233 casos de adultos na Covilhã, Fundão e Belmonte, e 101 crianças e jovens, num total de 334 pessoas.

MAIS LIDAS

Share This