Setor turístico espanhol perde 150.000 milhões de euros desde o início da pandemia

6 de Fevereiro 2022

A pandemia deixou um rasto “devastador” no setor do turismo de Espanha e as perdas totalizam 150.000 milhões de euros e cerca de menos 117 milhões de turistas, embora as previsões para 2022 sejam mais otimistas, de acordo com números este domingo divulgados pela agência espanhola EFE.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) espanhol, dois anos após o primeiro caso positivo de Covid-19 detetado no país, as perdas no setor do turismo “totalizam, pelo menos, 150.000 milhões de euros e cerca de 117 milhões de turistas ‘evaporaram’”.

Os agentes do setor admitem que 2022 não será o ano da recuperação integral dos valores pré-pandemia, mas acreditam que este ano dará um forte impulso aos movimentos turísticos para voltarem à normalidade entre 2023 e 2025.

Os dados do INE sobre as entradas de turistas estrangeiros e os gastos que fizeram refletem que entre 2020 e 2021 quase 117 milhões de turistas deixaram de viajar para Espanha, em comparação com os registos anteriores.

Nos dois anos da pandemia, a economia de Espanha não encaixou cerca de 125.000 milhões de euros dos turistas estrangeiros e cerca de 25.000 milhões de euros dos turistas nacionais, nas suas deslocações internas.

Segundo os dados do INE, em 2019, um total de 83,5 milhões de turistas internacionais entraram em Espanha, um recorde histórico, enquanto em 2020 apenas entraram 19 milhões (um recorde, mas de mínimos) e, em 2021, um total de 31,13 milhões.

Admitindo que na ausência de uma pandemia o número de turistas se teria mantido estável em relação a 2019, 2020 e 2021, verifica-se que foram perdidos quase 120 milhões de turistas estrangeiros, que são a principal fonte de rendimento do setor.

Já os dados dos gastos também vão na mesma direção pois, em 2019, os turistas internacionais que chegaram a Espanha deixaram 91.912 milhões de euros, enquanto em 2020 apenas 19.740 milhões foram contabilizados e, no ano passado, um total de 34.816 milhões.

A estes valores acresce a quebra do turismo nacional, que embora tenha evoluído muito melhor do que no estrangeiro, também não atingiu os volumes de 2019.

Os dados disponíveis indicam que entre janeiro e setembro de 2021 os espanhóis fizeram 106,54 milhões de viagens, contra 193,87 milhões em 2019 e os 101,5 milhões calculados em 2020.

Embora o número de viagens internas ainda não tenha atingido níveis pré-pandemia, a queda mais intensa verificou-se nas viagens ao exterior, que caíram para um quinto.

Em termos de gastos, em 2019 os espanhóis gastaram em viagens 48.065 milhões de euros, o dobro do que é calculado até ao terceiro trimestre de 2021 e, no ano de 2020, a soma ficou em 21.100 milhões.

O resultado é que entre 2020 e 2021 os espanhóis terão gastado cerca de 50.000 milhões de euros a menos em viagens do que teriam feito sem as restrições aos movimentos turísticos impostos em todo o mundo.

O mapa do turismo em Espanha também reflete a forte queda que o setor teve no contributo para o PIB (Produto Interno Bruto) desde o início da pandemia.

Embora os dados do INE para 2021 ainda não sejam conhecidos, a evolução 2019-2020 é esclarecedora, pois indica que antes da pandemia o turismo representava 12,4% do PIB e, em 2020, caiu para 5,5%.

Em termos de emprego, as consequências foram menores devido às medidas tomadas pelo Governo.

Em 2020, o emprego no turismo era de 11,8% no conjunto da economia, situando-se apenas nove décimas a menos que em 2019.

LUSA/HN

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