De acordo com a nota de repúdio divulgada na quinta-feira, a que a agência Lusa teve hoje acesso, a paciente na companhia do marido dirigiu-se, no dia 13 deste mês, ao banco de urgência do Hospital Municipal de Menongue, com queixas de dor no baixo-ventre intensa e amenorreia há mais de dois meses.
Segundo a nota, na altura, o seu filiado era o único médico de serviço, por conta da insuficiência de recursos humanos, que respondia a todos os serviços, nomeadamente a pediatria, medicina interna, ginecologia e obstetrícia, cirurgia e ortopedia.
O médico encontrava-se a atender outros doentes com critério de urgência quando se apercebeu de um clima de tensão na sala de espera provocado pelo marido da paciente que exigia atendimento imediato, tendo priorizado o atendimento da mesma.
“Sensibilizado com a situação, prioriza a paciente e convida o marido a entrar no consultório, pelo que este nega a assistir a consulta da esposa sem motivos palpáveis. Após o interrogatório foi-lhe explicada a necessidade de realizar uma ecografia ginecológica e teste rápido de gravidez (indisponíveis) e exame físico ginecológico, pelo que a paciente pediu que o mesmo realizasse o exame físico ginecológico, que engloba o toque vaginal”, explica a nota.
A nota sublinha que, dez minutos depois da consulta, a equipa em serviço foi surpreendida por agentes do Serviço de Investigação Criminal, que detiveram o médico, alegando denúncia de tentativa de abuso sexual feita pela paciente, “ato que surpreendeu a todos, incluindo outros pacientes, porque quando a mesma saiu do consultório não manifestou insatisfação”.
“Visto que era o único médico em serviço, a supervisão do hospital solicitou que o mesmo se apresentasse no dia seguinte ao SIC, facto que foi negado pelos agentes, alegando detenção por ordens superiores”, refere-se no documento.
O sindicato condena a detenção do médico “sem avaliar a veracidade dos factos e visto que o ambiente em que supostamente se desenvolveu a ação não oferece condições para tal e colocando em causa a vida dos demais pacientes ao deixar o Hospital sem cobertura médica”.
“Condenamos também as detenções arbitrárias emanadas por ditas ordens superiores e sem respaldo jurídico legal, pelo que apelamos o apuramento correto dos factos e a condução do processo sem interferências externas e que a justiça seja feita”, frisa o sindicato na sua nota de repúdio.
LUSA/HN
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