A Unidade de Implantes Cocleares do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital dos Covões, que em 2011 passou a integrar o CHUC, no âmbito de um processo de fusão, foi pioneira no país ao realizar os primeiros implantes em adultos (1985) e em crianças (1992).
“Já temos formada uma rede de afiliados, nomeadamente com o Santo António, no Porto, e com o Santa Maria, em Lisboa, em que demos formação”, disse à agência Lusa o cirurgião e coordenador Luís Filipe Silva, acrescentando que aquela unidade hospitalar da cidade do Norte já tem uma equipa cirúrgica a funcionar.
Neste momento, segundo o especialista, o Hospital Santo António constituiu uma equipa com um cirurgião e técnicos que sabem efetuar a programação dos aparelhos, e já efetuaram cerca de 50 implantes.
“No Santa Maria foi um esforço brutal, porque tinham o serviço com poucos cirurgiões otológicos, mas, neste momento, também já estão a colocar implantes”, adiantou.
A estratégia do CHUC, de acordo com o coordenador da unidade, é “alargar a rede e distribuir o protocolo e, portanto, o conhecimento, porque tem a obrigação disso”.
“É um dos nossos princípios não ter o conhecimento todo aqui para as pessoas virem cá, porque somos um serviço de otorrino e não podemos ficar colapsados com os implantes”, referiu.
Para Luís Filipe Silva, a rede de conhecimento é necessária para permitir deslocalizar cirurgias para fora daquele serviço de otorrino, que deve ser um “centro de desenvolvimento e inovação”, caso contrário “gasta-se toda a capacidade instalada na vertente assistencial”.
“Estamos virados, neste momento, para a formação e investigação, porque o implante coclear é uma técnica que tem uma característica nacional, que é modelada pela língua de cada país”, explicou o cirurgião, frisando que o segredo do êxito “está na boa programação do processador da fala”.
Desde o início desta técnica, que teve início em Portugal em 1985, no mesmo ano em que se iniciou na Europa, o serviço de otorrino já implantou em Portugal mais de 1.500 implantes cocleares, dos quais 1.000 em adultos e 500 em crianças.
“Todos os anos temos tido sempre uma progressão, nunca tivemos um retrocesso, felizmente, embora ao longo deste tempo, houve pessoas que foram embora, pessoas que se reformam, mas temos sempre tido um espírito de escola, que faz com que dentro deste serviço não haja ninguém indispensável individualmente, já que todos são indispensáveis como equipa”, disse.
A Unidade de Implantes Cocleares do Serviço de Otorrinolaringologia tem duas equipas cirúrgicas, cinco técnicos, três terapeutas da fala e dois audiologistas, além de contar com o apoio de pediatras do desenvolvimento e psicólogos do Hospital pediátrico.
LUSA/HN
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