Doenças respiratórias levam a aumento da procura das urgências hospitalares

17 de Março 2022

Doenças respiratórias, principalmente gripe, estão a provocar um aumento da procura das urgências hospitalares nas últimas semanas, segundo alguns hospitais contactados pela agência Lusa.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) tem registado um aumento nas urgências do circuito respiratório, com cerca de 50 a 60 casos por dia, sendo cerca de cinco, em média, casos de covid-19.

“Os restantes são atribuídos essencialmente a gripe ou a gripe A”, disse à Lusa fonte do CHULC, sublinhando que é um número considerado alto para esta época do ano.

O centro hospitalar, que inclui os hospitais São José, Curry Cabral, Santa Marta, Capuchos, D. Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa, está também a registar “um recrudescimento de entradas nas urgências em geral”, adiantou a mesma fonte.

Em 14 de março, o CHULC registou nas urgências um total de 866 casos, enquanto em 07 de março, tinha contabilizado 785 casos, em 28 de fevereiro, 781 e em 21 do mesmo mês, 719.

“Tem havido uma subida constante destes números, sendo que uma parte substancial diz respeito ao agravamento das doenças respiratórias”, afirmou a mesma fonte, sublinhando que “a gripe está a subir e a covid-19 a baixar”.

A procura da urgência pediátrica no Hospital D. Estefânia, também está “a subir substancialmente” devido em grande parte à gripe. Em 21 de fevereiro foram registados 282 casos, número que subiu para 358 na segunda-feira.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que inclui os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, também registou este mês um aumento da afluência às várias urgências (adultos, pediatria, ginecologia-obstetrícia e para doenças respiratórias), com uma média de 600 a 700 episódios diários.

No que respeita à procura da urgência para doentes respiratórios, o CHULN observou desde o início de março, uma média de 50 a 70 casos diários, quando na última quinzena de fevereiro, essa média diária tinha variado entre os 30 a 40 casos, segundo dados avançados à Lusa.

“No entanto, é de sublinhar que chegamos a ter entre 130 e 150 casos diários na última semana de 2021 e primeira semana de 2022, estando ainda longe desses valores”, ressalvou o CHULN.

Em relação à Urgência Central de adultos (que não inclui as urgências de pediatria e ginecologia-obstetrícia), dedicada a todas as doenças, exceto a covid-19, o centro hospitalar referiu que “mantém o padrão comum a este inverno, com cerca de 400 a 450 casos diários e uma percentagem alta de doentes mais complexos, muitas vezes a rondar os dois terços do total de atendimentos”.

Segundo o CHULN, são doentes que pela sua complexidade implicam diagnósticos mais diferenciados.

O Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) também registou até 14 de março um aumento de 2,4% no número de episódios respiratórios atendidos nas várias urgências, face ao mesmo período de fevereiro.

O Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLO), que integra os hospitais São Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz, mais do que duplicou o número de doentes admitidos nas várias urgências em março.

De acordo com dados avançados à Lusa, até 14 de março foram registados 5.663 episódios de urgência, mais 3.479 face ao período homólogo de 2021.

Na pediatria, foram assinalados 1.555 episódios de urgência neste período (343 em março de 2021) e na urgência obstétrica 553, mais 206 relativamente ao mês homólogo do ano anterior.

O último boletim de vigilância da gripe do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), referente à semana de 28 de fevereiro a 06 de março, indica que a taxa de incidência de síndrome gripal subiu para 15,1 por 100.000 habitantes, numa tendência de atividade gripal crescente.

Neste período, foram registados 165 casos positivos para o vírus da gripe, todos do tipo A. Em 20 dos casos foi identificado o subtipo A(H3N2) e num dos casos o subtipo A(H1N1), refere o INSA, ressalvando que os valores de incidência devem ser interpretados tendo em conta “a reorganização do atendimento ao doente respiratório e a menor população sob observação do que a observada em período homólogo de anos anteriores”.

Os valores de vigilância clínica da gripe foram apurados através da rede médicos-sentinela, um sistema de informação constituído por médicos de medicina geral e familiar do continente e das regiões autónomas.

LUSA/HN

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