“Não há dúvida de que um novo elemento de poluição plástica foi adicionado ao nosso desafio de proteger os oceanos como resultado da pandemia” disse Peter Thomson à Lusa, considerando que apesar de o turismo e a aviação terem sido setores fortemente afetados pela pandemia, o que fez diminuir a atividade nas zonas costeiras, a pandemia fez com novos objetos fossem parar aos Oceanos.
A produção anual e o volume de resíduos de plástico duplicaram entre 2000 e 2019, segundo um relatório da OCDE divulgado em fevereiro e que alerta para a poluição de rios e oceanos e para a pegada carbónica.
A pandemia de covid-19 e o impacto que causou na atividade económica pôs em pausa a tendência de crescimento do uso de plástico, que caiu 2,2% em 2020, mas, por outro lado, aumentaram os resíduos de plástico descartável.
Esse aumento esteve relacionado com os equipamentos médicos e de proteção individual, mas também com os plásticos utilizados no ‘take-away’, que substituiu as idas aos restaurantes, e nas embalagens das compras ‘online’, que satisfizeram as necessidades dos clientes enquanto as lojas estiveram fechadas.
Peter Thomson lembrou também que, para além do plástico o “principal inimigo do bem-estar do oceano” é o nível crescente de emissões de gases com efeito estufa geradas pela atividade humana, que causam fenómenos como a acidificação e o aumento da temperatura da água dos oceanos, que tem impactos graves nos ecossistemas marinhos.
O enviado especial da ONU para os oceanos alertou ainda que sem uma redução drástica nas emissões de dióxido de carbono, antes do final deste século quase todos os recifes de coral do mundo estarão ameaçados de extinção.
Nascido nas Ilhas Fiji, Peter Thomson disse à Lusa que viu com os próprios olhos a deterioração dos mares, lembrando que aqueles que vivem em ilhas e em zonas costeiras “estão na linha da frente do impacto devastador” das alterações climáticas nos oceanos.
“O aumento do nível do mar, o clima extremo e a perda de biodiversidade são observáveis em primeira mão. Além disso, os países insulares dependem do oceano para sua alimentação e subsistência. (…) A saúde do oceano é a nossa saúde”, observou.
Peter Thomson lembrou ainda que os pequenos Estados insulares em desenvolvimento são das principais vítimas das alterações climáticas e do seu impacto nos oceanos, na medida em que geram menos de 1% das emissões de gases com efeito de estufa, mas são altamente vulneráveis a impactos como erosão costeira, branqueamento de corais e perda de biodiversidade.
NR/HN/LUSA
0 Comments