A investigação, publicada no boletim científico Environment International, centrou-se em 749 cidades europeias e concluiu que quase 60 milhões de pessoas são sujeitas a “níveis pouco saudáveis de ruído” gerado por veículos.
Estima-se que se fossem cumpridos os níveis de ruído recomendados pela OMS, poderiam ser evitadas milhares de mortes anualmente, nomeadamente 3.600 provocadas pela doença cardíaca isquémica.
Os resultados, que se baseiam em dados de estudos anteriores sobre mortalidade e ruído referentes às cidades analisadas, indicam que “mais de 48% dos 123 milhões de adultos (com 20 anos ou mais) incluídos no estudo foram expostos a níveis de ruído que excedem o limite recomendado pela OMS”.
A OMS recomenda que o nível médio de ruído durante um período de 24 horas não deve exceder os 53 decibéis.
No caso de Lisboa, a percentagem da população exposta a ruído superior ao limite está em 40,6%. Olhando para outras capitais europeias, é em Berlim que esta percentagem é mais baixa, registando-se 29,8%.
Viena é a cidade com mais população exposta a ruído excessivo, com uma percentagem de 86,5%.
Em estudos anteriores, ligou-se o ruído ambiental a vários efeitos negativos na saúde, desde perturbações de sono a problemas no parto, além de doenças cardíacas.
“A exposição prolongada a barulho de tráfego pode provocar uma reação continuada de ‘stress’ que faz aumentar o ritmo cardíaco, pressão sanguínea e constrição dos vasos sanguíneos, acabando por levar a doenças crónicas, tais como cardiovasculares, depressão e ansiedade”, refere o estudo, realizado pelo Instituto de Barcelona para a Saúde Global.
Mesmo sem ter em conta as doenças, estima-se no estudo que mais de 11 milhões de pessoas tenham perturbações em atividades diárias, como comunicar, ler, trabalhar e dormir.
O principal autor do estudo, Sasha Khomenko, afirmou que os dados disponíveis só permitem analisar a população exposta a um nível de ruído superior a 55 decibéis, mas os cientistas “suspeitam que os efeitos adversos podem ocorrer mesmo com exposição a níveis mais baixos”.
LUSA/HN
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