“Se a saúde no país não está bem, no Oeste atingiu o ponto de rutura com os utentes em risco de vida, com falta de cuidados primários e a falta de médicos nos serviços de urgência”, afirmou o porta-voz da Comissão, Vitor Diniz.
O movimento anunciou ontem, em conferência de imprensa, que não irá “parar até obter respostas para os problemas de saúde nesta região que é, de todas, a mais mal servida”, de acordo com um levantamento de necessidades entregue na terça-feira ao secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.
Num memorando entregue ao governante, e a que a agência Lusa teve acesso, a comissão denúncia a falta de resposta dos cuidados de saúde na região onde “vários centros de saúde se encontram encerrados e, nos que ainda funcionam, há muitos utentes sem médico de família”.
Um situação que, segundo Diniz, obriga os utentes a recorrer aos serviços de urgência dos hospitais do CHO (Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche) para serem confrontados com “falta de médicos, tempos de espera muito elevados, doentes vários dias em regime de observação e falta de informação aos familiares que não conseguem chegar à fala com os médicos ou enfermeiros, sobrecarregados com as atividades assistenciais”.
No memorando entregue ao secretário de Estado, a comissão critica ainda a “frequente falta de especialidades básicas no serviço de urgência (como a Ortopedia), a necessidade frequente de transferência de doentes críticos para Lisboa, por falta de Cuidados Intensivo” ou os casos de “doentes oncológicos aguardando por tratamentos com citostáticos” preparados nos hospitais da capital.
Um panorama a que junta os tempos de espera prolongados para consultas de especialidades como Otorrinolaringologia, Dermatologia, Neurologia, Oftalmologia e Ortopedia, as deficientes condições físicas da maternidade das Caldas da Rainha e a retenção de macas das corporações de bombeiros “por muitas horas” no serviço de urgência.
A “sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde, com situações pontuais de médicos a fazerem 36 horas seguidas”, a falta de equipamentos e de acesso a exames complementares de diagnósticos e a “falta de perspetivas futuras” para a região que há cerca de 30 anos reclama a construção de um novo hospital, são outras das queixas da comissão, que na reunião fez saber ao Governante que, “se não houver respostas no prazo de um mês”, vai avançar com um abaixo-assinado, uma vigília e, “em última instância, com uma queixa à União Europeia”.
As exigências da comissão centram-se, no imediato, “no reforço do pessoal médico e de equipamentos” nos hospitais do Oeste e na celeridade na construção de uma Unidade de Cuidados intensivos, cuja conclusão se prevê para 2023, mas que o movimento exige que entre em funcionamento em mais curto prazo.
Na lista das exigências a comissão inclui ainda a dotação dos centros de saúde com pessoal “para funcionarem em pleno e em rede com os hospitais, para poderem fazer uma primeira triagem e evitar o entupimento desnecessário das urgências hospitalares”, explicou Vitor Diniz.
As medidas propostas pela comissão visam “dar condições ao sistema de saúde para aguentar até que seja construído um novo hospital”, cujo estudo está a ser desenvolvido, devendo as conclusões relativamente à sua localização ser conhecidas em setembro.
A comissão solicitou já audiências com todos os grupos parlamentares e lança esta semana um abaixo-assinado que irá ser entregue ao primeiro-ministro, António Costa, e ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de recolhidas assinaturas na vigília, cuja data será anunciada nos próximos dias.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, servindo cerca de 293 mil pessoas numa área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.
LUSA/HN
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