“Não é a mensagem que queriam ouvir nem é a mensagem que gostaria de dar-vos”, admitiu Tedros Ghebreyesus na abertura da 75.ª Assembleia Mundial da Saúde, em que foi reeeleito para um segundo mandato de cinco anos à frente da agência das Nações Unidas para a Saúde.
Ghebreyesus afirmou que a covid-19 “não acabou de certeza”, apesar de “os casos reportados terem diminuído significativamente desde o pico da vaga [da variante] Ómicron”, em janeiro passado e de “as mortes estarem no ponto mais baixo desde março de 2020”.
“Em muitos países, as restrições foram levantadas e a vida parece-se mais com o que era antes, mas [a pandemia] não acabou, de certeza”, afirmou, apesar de reconhecer os progressos trazidos pela vacinação de 60 por cento da população, “ajudando a reduzir hospitalizações e mortes”.
Mesmo assim, os novos contágios pelo coronavírus SARS-CoV-2 “estão aumentar em quase 70 países, as taxas de testagem caíram a pique e as mortes [atribuídas à covid-19] estão a subir” no continente africano, onde há “a mais baixa taxa de vacinação”.
“Baixámos a guarda por nossa conta e risco. O aumento da transmissão significará mais mortes, especialmente entre quem não está vacinado. Reduzir a testagem e o sequenciamento [genético do vírus em circulação] significa que estamos a fechar os olhos à evolução do vírus”, alertou.
Tedros Ghebreyesus apontou que “só 57 países têm 70% da população vacinada e são quase todos países de altos rendimentos”.
“Temos que continuar a ajudar todos os países a atingirem 70% de cobertura vacinal tão depressa quanto possível, incluindo a totalidade das pessoas com mais de 60 anos, das que têm comorbilidades e dos profissionais de saúde”, defendeu.
Reforçou que “a pandemia não vai desaparecer como por magia” mas que existe “o conhecimento, as ferramentas” e que a ciência permitiu ganhar vantagem sobre o vírus.
O diretor geral da OMS salientou que há outras crises sanitárias no mundo, destacando surtos de Ébola ativos na República Democrática do Congo e surtos de varíola dos macacos ou de hepatite de origem desconhecida que a organização está a acompanhar.
Conflitos como o que começou este ano na Ucrânia ou que persistem em países como o Iémen ou a Síria agravam qualquer crise sanitária: “a guerra, a fome e a doença são amigas”.
LUSA/HN
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