Dois abalos sentidos na ilha de São Jorge

4 de Julho 2022

Dois sismos, com magnitude de 2,3 e 2,2 na escala de Richter, foram esta segunda-feira sentidos na ilha de São Jorge, revelou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

Desde março, altura do início da crise sismovulcânica naquela ilha do arquipélago açoriano, o CIVISA já registou mais de 41 mil sismos naquela ilha.

Quanto aos abalos sentidos hoje, foi registado um às 10:09 locais (11:09 em Lisboa), que teve epicentro a cerca de dois quilómetros a este de Santo Amaro, na ilha de São Jorge.

Este sismo foi sentido com intensidade máxima IV da escala de Mercalli Modificada, nas freguesias de Velas, Santo Amaro, Norte Grande e Urzelina, no concelho de Velas, na ilha de São Jorge.

Às 10:57, foi registado outro evento sísmico, com magnitude de 2,2 na escala de Richter e epicentro a cerca de um quilómetro a nor-noroeste de Santo Amaro.

Este segundo sismo foi sentido com intensidade máxima III/IV, na escala de Mercalli Modificada, na freguesia de Santo Amaro.

Com uma intensidade de IV na Escala de Mercali modificada, os “carros estacionados balançam”, as “janelas, portas e loiças tremem” e “os vidros e loiças chocam ou tilintam”, podendo as paredes ou estruturas de madeira ranger, revela o IPMA na sua página da Internet.

Com a intensidade III, considerada Fraca, o abalo é “sentido dentro de casa” e “os objetos pendentes baloiçam”, sentindo-se uma “vibração semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados”,

“Até ao momento, foram registados aproximadamente 41.333 eventos de baixa magnitude e de origem tectónica. Entre as 00:00 e as 10:00 de hoje foram contabilizados aproximadamente 118 sismos”, refere o CIVISA, num ponto de situação publicado hoje na sua página da internet.

Desde 19 de março, “foram identificados cerca de 292 sismos sentidos pela população”, tendo o sismo de maior magnitude (3,8 na escala de Richter e epicentro a cerca de dois quilómetros das Velas) ocorrido em 29 de março, às 21:56 (22:56 em Lisboa).

O CIVISA adianta que a atividade sismovulcânica que se tem vindo a registar na ilha de São Jorge “continua acima do normal”, estendendo-se, de grosso modo, entre a Ponta dos Rosais e a zona do Norte Pequeno, na Silveira.

“A atividade sísmica das últimas semanas apresenta uma ligeira tendência decrescente, por vezes interrompida por pequenos períodos de maior frequência e/ou energia libertada, situando-se presentemente os hipocentros, no geral, a profundidades superiores a cinco quilómetros”, lê-se no comunicado.

Segundo o CIVISA, os dados existentes desde o início de abril, referentes à monitorização geodésica, “não evidenciam deformação significativa na zona epicentral” e as campanhas de medição de gases e temperatura no solo “não resultaram, até à data, na identificação de anomalias resultantes da atividade sismovulcânica”.

Também as campanhas de hidrogeoquímica nas águas subterrâneas “não têm revelado variações significativas que possam ser associadas à crise sismovulcânica”.

“A integração da informação disponível permite concluir que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico Fissural de Manadas, foram reativadas, sendo de admitir que no início do fenómeno ocorreu uma intrusão magmática em profundidade”, salienta o CIVISA.

Em 08 de junho, o CIVISA baixou o nível de alerta na ilha de São Jorge de V4 (ameaça de erupção) para V3 (sistema ativo sem iminência de erupção).

“A diminuição da atividade sísmica, ainda que de forma lenta, e a observação de tal padrão ao longo das últimas semanas, assim como a ausência de outros sinais anómalos ao nível da deformação, dos gases e das águas, levaram a determinar a descida do nível de alerta científico”, justificou.

A ilha estava desde 23 de março, às 15:30, com o nível de alerta vulcânico V4 de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”, na sequência da crise sismovulcânica registada desde 19 de março.

Antes disso, tinha sido ativado o alerta V2, no dia 20 de março às 00:40, e o V3, no mesmo dia, pelas 02:40.

Segundo o CIVISA, a atividade sísmica continua “muito acima dos valores de referência para a região, pelo que se mantém a possibilidade de se registarem eventos sentidos e não se pode excluir a eventual ocorrência de sismos de magnitude mais elevada”.

Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores “mantém os níveis de monitorização na ilha de São Jorge e está a providenciar o reforço da rede de observação sismovulcânica permanente, no sentido de, caso o padrão de atividade se inverta, poder detetar sinais precursores de uma nova situação pré-eruptiva”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This