De acordo com o relatório baseado num inquérito feito a 50 mil pessoas em 22 países da OCDE, incluindo Portugal, os níveis de confiança nos governos continuam a ser ligeiramente mais elevados do que no rescaldo da crise financeira global, porém permanecem sob tensão.
Segundo o inquérito, os níveis de confiança e de desconfiança nas instituições governamentais ficaram bastante renhidos: em média, 41,4% dos inquiridos diz confiar no seu Governo nacional, enquanto 41,1% admite o contrário.
Ainda assim, a maioria das pessoas admite que em tempos de crise o Governo conseguiu prestar de forma fiável serviços públicos, como o acesso à educação (57,6%), à saúde (61,%) e o acesso a informações sobre procedimentos administrativos (65,1%), protegendo os seus dados pessoais (51,1%).
Apenas um terço (32.6%) dos inquiridos revelou estar preocupado com a falta de preparação das instituições governamentais em responder a uma futura pandemia.
No entanto, entre as várias instituições, é a polícia em quem as pessoas mais confiam (67,1%) , seguida pelos tribunais (56,9%), pela função pública (50,2%), os governos locais (46,9%), vindo apenas depois os governos nacionais (41,4%) e os parlamentos (39,4%).
No relatório acrescenta-se ainda que menos de um terço (30,2%) dos cidadãos sente que tem uma palavra a dizer relativamente às decisões governamentais, reforçando ser cada vez mais importante que os líderes políticos oiçam as preocupações da comunidade.
“Os governos precisam de se envolver e responder melhor à evolução das expectativas dos povos. Precisam de aumentar a integridade, enfrentar a influência indevida e lidar com desafios estruturais cada vez mais prementes a longo prazo. Em última análise, para aumentar a confiança, o Governo precisa de melhorar a confiança das pessoas, comunicado melhor a necessidade de reformas e o seu impacto”, defendeu o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann.
Entre as principais preocupações dos cidadãos, as alterações climáticas correspondem a uma questão em que 50,4% dos inquiridos acha que os Governos deviam estar mais investidos e que apenas 35,5% está confiante no atual empenho governamental na matéria.
O inquérito, que é a primeira e mais exaustiva avaliação transnacional sobre a confiança pública em governos democráticos, foi levado a cabo durante a pandemia de Covid-19 e antes da invasão russa na Ucrânia, sendo que a maioria dos cidadãos foi inquirida de novembro de 2021 a fevereiro de 2022.
A 18 de novembro, a OCDE vai ainda realizar no Luxemburgo a Conferência Ministerial sobre a Construção de Confiança e o Reforço da Democracia.
LUSA/HN
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