“Diria que não é surpreendente [a demissão]. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem vindo a degradar-se de tal modo que já era indisfarçável, que não se conseguisse cumprir os objetivos. Contudo, mais do que personalizar num ministro as diversas atuações, queremos perceber se este gesto se vai refletir numa mudança de política com destreza e celeridade para resolver os problemas”, destacou à Lusa Noel Carrilho.
O presidente da FNAM lembrou que qualquer tempo que se perca agora será sempre um prejuízo irrecuperável para os doentes.
“Não é um tipo de ministério que se compadeça de atrasos. É importante que se avance, que não se exerça, que não sirva esta mudança de cara no ministério para questionar mais uma vez as medidas que são necessárias. Infelizmente há várias questões a destacar de forma negativa e todas denunciadas em bom tempo, por exemplo a ausência de diálogo, que veio ferir de morte a relação com os médicos”, disse.
Noel Carrilho sublinhou que a FNAM não quer centrar-se no passado, embora seja importante fazer essa avaliação para não repetir erros no futuro.
“Queremos centrar-nos nas possibilidades futuras e estamos como estivemos sempre abertos à negociação, ao diálogo e estar do lado das soluções”, disse.
No que diz respeito ao novo ministro, Noel Carrilho disse esperar que seja “alguém com espírito dialogante aberto às ideias das pessoas no terreno” e que “traga consigo peso político, iniciativa política”.
A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que “deixou de ter condições” para exercer o cargo, demissão que foi aceite pelo primeiro-ministro, António Costa.
“A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a sua demissão ao primeiro-ministro por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo”, dá conta uma nota enviada pelo ministério às redações na madrugada de hoje.
Poucos minutos depois, um comunicado do gabinete do primeiro-ministro informou que António Costa “recebeu o pedido de demissão da ministra da Saúde” e que o aceita.
António Costa agradeceu “todo o trabalho desenvolvido” por Marta Temido, “muito em especial no período excecional do combate à pandemia da Covid-19”.
Marta Temido iniciou funções como ministra da Saúde em outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos Fernandes.
Durante os seus mandatos, Marta Temido esteve no centro da gestão da pandemia, que começou em 2020, mas também atravessou várias polémicas. Recentemente, o encerramento dos serviços de urgência de obstetrícia em vários hospitais por falta de médicos para preencher as escalas pressionou a tutela.
LUSA/HN
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