Santa Maria diz que morte de grávida podia ter sucedido se não tivesse sido transferida

30 de Agosto 2022

O Hospital de Santa Maria esclareceu esta terça-feira que a morte da grávida este sábado, durante a transferência para o Hospital São Francisco Xavier, “foi inesperada” e que o desfecho poderia ter sido igual se a mulher permanecesse naquela unidade de saúde.

Quando a mulher de 34 anos chegou ao Hospital Santa Maria este fim de semana com a sensação de falta de ar e taquicardia, a unidade de saúde estava a atravessar mais um “período de pico” de capacidade dos serviços, segundo André Graça, diretor de serviço de Neonatologia.

André Graça acrescentou hoje, em conferência de imprensa, que têm estado “permanentemente com uma taxa de ocupação alta”, mas que os serviços funcionam em rede.

No caso dos partos, por exemplo, regista-se neste momento um aumento de 40% em relação à situação que se vivia há exatamente um passado, acrescentou o diretor clínico do Santa Maria Luís Pinheiro.

Sem vagas no serviço de Neonatologia, a equipa decidiu que iria transferir a grávida de 31 semanas para o São Francisco Xavier quando a sua situação de saúde estivesse estável, mas a mulher acabaria por morrer durante a viagem de ambulância.

“O acontecimento da paragem cardíaca foi inesperado, aconteceu 10 a 15 minutos após ter saído daqui”, acrescentou o diretor clínico Luís Pinheiro.

A diretora de Obstetrícia do hospital, Luísa Pinto, disse que “se houvesse mais uma vaga, teria ficado” no Santa Maria, mas quando questionada sobre se o desfecho da situação poderia ter sido diferente, a especialista reconheceu que “provavelmente não”.

As equipas médicas nunca tiveram acesso ao historial clínico da grávida, que não falava português nem inglês, disse Luísa Pinto, acrescentando que os profissionais de saúde desconheciam se “a grávida tinha alguma patologia”.

Luísa Pinto explicou que a senhora de origem indiana chegou ao hospital por iniciativa própria com “a sensação de falta de ar e uma taquicardia”, tendo permanecido internada e em vigilância até a sua situação de saúde estar estável.

Depois de estabilizada, a grávida foi transferida, tendo em conta o bebé de 31 semanas.

“A recomendação em todos os países do mundo é evitar que os bebés nasçam num local e sejam transferidos de ambulância, o melhor meio de transporte é o útero da mãe”, disse André Graça, acrescentando que transferir um grande prematuro de ambulância representa “riscos significativos” e por isso “só se faz em último caso”.

Uma ideia corroborada por Luísa Pinto, que acrescentou que “as transferências (de grávidas) acontecem todos os dias tendo em conta as vagas neonatais e a saúde do bebé”.

Se houvesse alguma suspeita de perigo, “no limite, faríamos o parto cá”, garantiu Luís Pinheiro.

LUSA/HN

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