“Nós não queremos ver mais negociações, queremos ver mesmo atos, queremos ver a concretização de negociações”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente do Conselho Regional do Sul da OM, Alexandre Valentim Lourenço.
O mesmo responsável, que falava à Lusa após terminar hoje, em Beja, um périplo de dois dias por hospitais e unidades de saúde familiares (USF) da região, reconheceu que, na área da Saúde, se esteve “muitos meses e anos sem negociar”, mas “negociar sem resultados é o mesmo que não negociar”.
“Por isso, se o ministro [da Saúde] diz que, em outubro, vai iniciar a negociação, espero que ele vá com uma vontade firme de mudar as coisas”, defendeu.
Em Coimbra, na segunda-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, disse que o regresso às negociações com os sindicatos dos médicos e enfermeiros “de outubro não passará”.
“Nós vamos retomar essas negociações muito rapidamente. É essencial essa negociação”, declarou Manuel Pizarro, em resposta a uma pergunta da Lusa.
Confrontado hoje pela Lusa sobre esta garantia do ministro, Alexandre Valentim Lourenço esclareceu que o governante “terá a colaboração da OM naquilo que for necessário para qualificar a medicina”, mas reiterou que, neste momento, os médicos querem “começar a ver alguns resultados”.
E disse esperar que Pizarro não leve “aquele processo negocial muito clássico”, do estilo “eu dou isto, tu dás aquilo” e em que se negoceia “para ficar a meio caminho”.
O que é preciso é que o ministro da Saúde “mostre logo à partida que tem medidas imediatas que modificam, mesmo sem grande alteração financeira ou estrutural, a maneira de atuarmos e tratarmos os nossos doentes”, reclamou.
Segundo o representante da OM, isto é algo que Manuel Pizarro poderá fazer “depressa [porque] conhece muito bem o sistema”.
E “tem um diretor executivo [do SNS] que também sabe o que se passa e noutras ocasiões fez e noutras escreveu coisas que são profundamente diferentes daquilo que estamos habituados e agora nós queremos vê-las concretizadas”, acrescentou.
Questionado pela Lusa sobre se a revisão de carreiras dos médicos será uma das prioridades a discutir, Alexandre Valentim Lourenço foi perentório: “Nós não queremos a revisão de carreiras. Não existe carreira, a carreira foi destruída”.
“Nós queremos uma nova carreira, uma carreira baseada em princípios diferentes, em princípios em que os mais qualificados são melhor remunerados, em que quem está mais longe é protegido” e que permita que os profissionais tenham “novamente passos e objetivos que se possam atingir”, defendeu.
Destes dois dias de visita pelo Alentejo, Alexandre Valentim Lourenço concluiu que os hospitais e unidades de saúde “têm problemas comuns”, relacionados “com a [dificuldade] de fixação dos recursos humanos e a recompensa do esforço que os recursos humanos têm feito” e a reclamação de “mais autonomia”.
LUSA/HN
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