Utentes de Lisboa e Santarém pedem visita de Marcelo a locais com falta de médicos

23 de Novembro 2022

Representantes de utentes de quatro concelhos dos distritos de Lisboa e Santarém entregam, esta quarta-feira, um convite para o Presidente da República visitar as unidades de saúde locais onde, segundo os movimentos cívicos, faltam médicos.

Quatro movimentos cívicos de Alenquer, Azambuja, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa) e Benavente (distrito de Santarém) querem que Marcelo Rebelo de Sousa conheça a “situação grave” das unidades de saúde destes quatro concelhos, em que milhares de cidadãos não têm médico de família, e entregam o ‘convite’ esta quarta-feira, às 17:00, no Palácio de Belém, em Lisboa.

“É uma situação grave em que não está a ser cumprida a Constituição. [Fazê-la cumprir] é a missão mais importante do Presidente da República”, defende Domingos Pereira, da direção nacional do Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) e coordenador da Comissão de Utentes do Concelho de Benavente (CUCB), em declarações à Lusa.

Domingos Pereira garante que mais de 90 mil utentes não têm médico de família nestes concelhos e dá dois exemplos: 88% dos utentes da Azambuja e 75% dos habitantes de Alenquer não têm um profissional de saúde atribuído.

No caso da Azambuja, o dirigente do MUSP explica que a falta de médicos nos centros de saúde obriga os utentes a serem atendidos em Benavente (no distrito de Santarém), na Póvoa de Santa Iria e em Castanheira do Ribatejo (no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa), como se nessas unidades “houvesse médicos” para tantas pessoas.

“Há uma série de extensões de saúde encerradas e milhares de utentes à espera de consulta que não têm médicos de família”, lamenta o coordenador do CUCB, acrescentando que isso leva a que os cidadãos recorram às urgências do Hospital de Vila Franca de Xira.

O caso deste hospital é apenas um de vários em Lisboa que ficam “entupidos com as pessoas que fazem deles gigantescos centros de saúde”, diz o dirigente associativo.

Ainda sobre as unidades de saúde, Domingos Pereira chama a atenção para as “condições deficitárias e degradadas” e conta a situação da Azambuja, em que, no verão, “os profissionais tiveram de levar ventoinhas de casa e, no inverno, vão ter de levar aquecedores porque não há climatização”.

Em 25 de outubro, os representantes dos movimentos entregaram na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, um abaixo-assinado e uma moção a exigir médicos para aqueles municípios.

Quase um mês depois, Domingos Pereira diz que não houve respostas para os problemas apresentados, nem conseguiram reunir com António Costa como pediram.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Especialistas discutem morte súbita e doenças raras

Numa mesa-redonda envolvendo dois destacados especialistas, João de Sousa e Luís Brito Avô, a discussão sobre Morte Súbita (MS) e Doenças Raras (DRs) foi marcada por uma análise profunda e relevante para a prática clínica.

Debate sobre doenças hepáticas no 30.º CNMI

No decorrer do 30.º CNMI, Cristiana Batouxas assumiu um papel central na sessão “Caso Clínico com o Perito – Doenças Hepáticas”, proporcionando uma abordagem interativa e informativa sobre temas cruciais relacionados à hipertensão portal clinicamente significativa e à doença hepática crónica avançada (DHC).

O papel integrador do internista no tratamento do AVC

Numa sessão marcada pela reflexão sobre o papel do médico internista no tratamento do Acidente Vascular Cerebral (AVC), Helena Vilaça, palestrante destacada, enfatizou a importância de uma abordagem integradora e proativa no cuidado a esta condição neurológica.

A importância da vacina de dose elevada para populações vulneráveis

Durante o 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna (CNMI), Bruno Almeida apresentou a palestra intitulada “Proteção para além da gripe: solução para as populações mais vulneráveis”. A sessão teve como principal objetivo discutir a eficácia e segurança da vacina de dose elevada para a influenza e a sua importância para populações vulneráveis, comparando-a com a vacina de dose standard.

Sindicato dos Enfermeiros Portugueses: Ministério “aparentemente está disponível para resolver problemas”

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que reuniu esta tarde com a ministra e secretárias de Estado, partilhou com o HealthNews que as matérias propostas pelo Governo “eram curtas para os vários problemas” identificados, mas o Ministério da Saúde, “aparentemente, está disponível para resolver problemas”. “De acordo com o Ministério da Saúde, o protocolo negocial também não tem um fim declarado”, informou Guadalupe Simões, dirigente nacional do SEP.

Morte medicamente assistida em foco no 30.º CNMI

No 30.º Congresso Nacional de Medicina Interna, António Carneiro apresentou a sessão “Morte Provocada a Pedido do Próprio: Como Proceder com a Lei Intitulada ‘morte medicamente assistida’”, moderada por Rui Carneiro. A sessão centrou-se na Lei 22/2023 da Assembleia da República, que regula as condições em que a morte medicamente assistida não é punível.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights