No Palácio de Belém, em Lisboa, na tradicional cerimónia de apresentação de boas festas por parte do Governo, Marcelo Rebelo de Sousa aconselhou quem exerce o poder a “não criar problemas adicionais aos problemas que já existem na vida do dia a dia”.
Segundo o chefe de Estado, “os portugueses percebem porquê a estabilidade é importante” em momentos como este e desejam que não se junte mais “fatores de instabilidade” aos que já existem.
“O português joga no seguro. E jogar no seguro significa o quê? Significa que provavelmente, baixinho, para a família, na ceia de Natal, vai dizer muito mal do Presidente e um pouco mal do Governo, por causa da falta de dinheiro, por causa disto, da saúde, está ali o senhor ministro da Saúde a sorrir, mas por causa disto, daquilo, daqueloutro, vai dizer, mas depois o que é facto é que entretanto esteve a reajustar miraculosamente o seu modo de vida”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que os portugueses, “com as ajudas sociais também, mas mesmo sem ajudas sociais”, estão a ver como conseguem “aguentar esta situação da guerra” e os seus efeitos.
O Presidente da República sustentou que “isto é maturidade” e mostra “uma sabedoria de 900 anos”, que foi visível no modo como os portugueses enfrentaram a pandemia de covid-19 e responderam aos recentes alertas da proteção civil por causa de chuvas intensas.
“Nós sabemos muito, muito que os outros estão a descobrir, onde os outros estão a chegar, nós já conhecemos e sabemos”, afirmou.
O chefe de Estado defendeu que a estabilidade é “um fator positivo para Portugal” também em termos económicos, que contribui para o turismo e para o investimento estrangeiro, e que os órgãos de soberania “têm a responsabilidade de cuidar disso” através da cooperação institucional.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “já lá vão muitos anos” de convívio com António Costa como primeiro-ministro: “Três legislaturas, estamos na terceira, e dois mandatos presidenciais, estamos no segundo e último”.
No fim do seu discurso, desejou “a todos, ao senhor primeiro-ministro, aos senhores ministros, a todos os portugueses o Natal possível e que o ano que vem seja melhor do que os últimos três anos”, marcados pela pandemia de Covid-19 e depois pela guerra na Ucrânia.
“E que para o ano nos encontremos aqui sem máscara, vivos e de boa saúde, com este espírito, não direi otimista, que isso é monopólio do senhor primeiro-ministro, mas proativo – eu continuo sempre muito moderado nos otimismos – e podendo dizer que, com guerra a durar ou já sem guerra, os efeitos na vida dos portugueses são ligeiramente melhores ou melhores mesmo ou francamente melhores, depende das circunstâncias, do que são neste Natal”, completou.
LUSA/HN
0 Comments