Mortalidade materna em Portugal em 2020 não é tão grave como se pensava

4 de Janeiro 2023

O médico Diogo Ayres de Campos revelou esta quarta-feira que a mortalidade materna observada em Portugal em 2020 “não é tão grave como se pensava”, explicando que muitos dos óbitos notificados informaticamente não se deveram a complicações na gravidez.

Diogo Ayres de Campos, que integra a comissão criada no final de maio do ano passado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para avaliar a mortalidade materna, foi hoje questionado sobre esta matéria na Comissão de Saúde, onde foi ouvido a pedido do PSD sobre o eventual fecho de serviços de obstetrícia no país e o relatório da Comissão de Acompanhamento de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos, que coordenou.

Questionado por deputados sobre as causas da mortalidade materna registada em Portugal em 2020, cuja taxa subiu para 20,1 óbitos por 100 mil nascimentos, o nível mais alto dos últimos 38 anos, Diogo Ayres de Campos começou por explicar que a mortalidade materna é identificada através da notificação informática dessas mortes.

Ressalvando que os dados finais do trabalho da comissão ainda não estão disponíveis, o especialista avançou que “muitas dessas mortes não são de facto mortes maternas”.

“São mortes de senhoras que aconteceram durante a gravidez, mas que não se deveram a complicações de gravidez, nem foram doenças que foram agravadas pela gravidez”, afirmou o também presidente da Associação Europeia de Medicina Perinatal.

Dirigindo-se aos deputados, o médico afirmou: “Não vos posso dizer que não há aumento da mortalidade materna, porque não se chegou ao fim nesta avaliação, infelizmente, mas não é tão grave como aquilo que nós estávamos a pensar inicialmente”.

Diogo Ayres de Campos adiantou que a DGS iniciou o trabalho de “ver, caso a caso, as mortes maternas talvez em outubro”, com a visita presencial aos hospitais para avaliar os casos.

Em julho, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse, na Comissão de Saúde onde foi ouvida sobre este tema, que a maioria (76,5%) das mulheres tinham comorbilidades não associadas à gravidez.

“Dos resultados que já nos vieram de 2020 – dados preliminares -, cerca de 76,5% destas mulheres tinham comorbilidade pesada”, afirmou Graça Freitas na altura, acrescentando que os dados provisórios apontavam para 52,9% das mortes ocorrerem acima dos 35 anos.

LUSA/HN

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