Agência mantém decisão de acreditar curso de Medicina da Universidade Fernando Pessoa

26 de Janeiro 2023

 A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) afirmou esta quinta-feira que mantém a decisão sobre o curso de Medicina na Universidade Fernando Pessoa, apesar do pedido de revogação apresentado pela Ordem dos Médicos.

Na terça-feira, a Ordem dos Médicos apresentou um pedido de revogação da criação de um curso de Medicina na Universidade Fernando Pessoa (UFP), no Porto, justificado pela recusa por parte do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho em colaborar com a instituição.

Para a Ordem, a decisão da administração do centro hospitalar torna “evidente que a qualidade da formação médica está posta em causa de forma ainda mais preocupante do que a que já tinha sido apontada”.

Questionada pela agência Lusa, a A3ES esclareceu, no entanto, que a proposta da Universidade Fernando Pessoa analisada pela agência já não integrava a colaboração com o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho.

O Protocolo Específico de Colaboração tinha sido celebrado em 2017 e, segundo a agência, entraria em vigor a partir do momento em que a Universidade Fernando Pessoa fosse autorizada a ministrar o curso, podendo, no entanto, ser denunciado com uma antecedência de 80 dias.

“Este protocolo foi oportunamente denunciado e o processo final, analisado pela Comissão de Avaliação Externa, já não integrou esta colaboração”, sublinha a A3ES, acrescentando que “a decisão do Conselho de Administração da A3ES incidiu sobre o parecer final da Comissão de Avaliação Externa”.

A própria Universidade já tinha também clarificado a informação, recordando que, em 03 de abril de 2017, foi celebrado um Protocolo Específico de Colaboração no âmbito da formação clínica dos futuros alunos do Mestrado Integrado em Medicina, para integrar a proposta de acreditação prévia do ciclo de estudos integrados em medicina, que submeteu à A3ES, em 15 de outubro de 2019.

Entretanto, houve uma mudança de Conselho de Administração do centro hospitalar, antes de a UFP apresentar em 15 de outubro de 2021, prazo limite, a sua nova proposta de acreditação prévia do ciclo de estudos que agora foi acreditado, submetendo à apreciação da nova administração a minuta atualizada do acordo anterior, “com tempo suficiente, para que a mesma fosse assinada ou não”, adiantou a instituição.

De acordo com a Universidade, o Conselho de Administração do centro hospitalar agendou uma reunião no último dia para submissão da proposta, em que transmitiu a decisão de não assinar a nova versão do protocolo, uma vez que tinha decidido associar-se com a Universidade de Aveiro na constituição do Centro Académico Clínico Egas Moniz. Perante a decisão, a UFP retirou a referência ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho.

A A3ES deu luz verde à criação de um curso de Medicina na UFP, mas a acreditação é condicional e para o período de apenas um ano.

Na decisão publicada há uma semana, o Conselho de Administração da A3ES frisa que, para já, o curso está acreditado para apenas um ano, sendo que, no final desse período, a Faculdade de Ciências da Saúde da UFP deve apresentar um relatório em que demonstra ter cumprido um conjunto de seis condições.

Entre outros aspetos, deve apresentar o plano de investigação e desenvolvimento na área da Medicina, assegurar os processos de harmonização e coordenação pedagógica com as unidades assistenciais envolvidas e estabelecer um acordo para os mecanismos de distribuição dos estudantes no ensino clínico junto de instituições do SNS.

Por enquanto, o novo curso pode abrir um máximo de 40 vagas, estando previsto o aumento progressivo “até ao objetivo de 60 por ano”. Por outro lado, 80% dos lugares disponíveis destinam-se a estudantes estrangeiros.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

DGS Define Procedimentos para Nomeação de Autoridades de Saúde

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma orientação que estabelece procedimentos uniformes e centralizados para a nomeação de autoridades de saúde. Esta orientação é aplicável às Unidades Locais de Saúde (ULS) e aos Delegados de Saúde Regionais (DSR) e visa organizar de forma eficiente o processo de designação das autoridades de saúde, conforme estipulado no Decreto-Lei n.º 82/2009.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights