Os dois países, que foram abalados na segunda-feira por um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter e, depois, por várias réplicas, já mantinham uma grande quantidade de pessoas em condições vulneráveis, lembrou o responsável da organização humanitária internacional.
A Síria, que “tem uma das maiores populações deslocadas dentro do país” e a Turquia, “onde vive uma das maiores populações de refugiados” já eram países onde “existia precariedade” e pessoas “em situação muito vulnerável”, referiu à Lusa o responsável.
O balanço provisório dos sismos que atingiram o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria ultrapassava os 11.200 mortos.
“No primeiro dia conseguimos prestar assistência a mais de 200 pessoas e ao mesmo tempo, fortalecer toda uma rede de hospitais e centros de saúde e dar um bocadinho formação” sobre assistência humanitária em catástrofes desta dimensão, explicou João Antunes, precisando que as principais ajudas foram dadas na Síria com materiais e medicamentos que a organização já ali tinha.
Mas, como sublinhou o diretor-geral da Médicos Sem Fronteiras (MSF), a assistência não pode ser só médica.
“Mesmo as pessoas cujas casas não sofreram grandes danos com os terramotos, [criaram] um temor de voltar para casa” e serem vítimas de mais réplicas, explicou.
Por isso, várias famílias “estão a viver praticamente na rua, numa época com muito frio”, pelo que “a assistência humanitária tem de passar também por conseguir fornecer itens não alimentares”, ou seja, abrigos, colchões, mantas, cobertores, pratos de cozinha, entre outros produtos.
Além disso, alertou João Antunes, é preciso garantir que os tratamentos aplicados nos hospitais possam continuar, embora “algumas das estruturas tenham ficado danificadas, mas não impossibilitadas” de serem mantidas operacionais no imediato.
“Há algum risco de que possam ruir ou estar danificadas. No entanto, nesses hospitais também há pacientes e grávidas, crianças e maternidades, que têm de ser transferidas”, disse.
Uma outra dimensão do problema associado aos terramotos é o da saúde mental, sublinhou, adiantando que quem ajuda agora também precisará de ser ajudado depois.
“Mesmo que sejam os nossos colegas, que estão habituados a trabalhar em situação de stress, a situação afeta todos, as suas famílias e a sua própria população”, argumentou.
LUSA/HN
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