Açores contratam mais psiquiatras mas rácio ainda “não é satisfatório”

3 de Março 2023

O Serviço Regional de Saúde (SRS) dos Açores contratou, em 2022, dois psiquiatras e um pedopsiquiatra, mas o rácio de profissionais por habitante ainda "não é satisfatório", disse hoje o coordenador da Estrutura para a Saúde Mental da região.

“O rácio ronda os seis [psiquiatras] por 100 mil habitantes. Gostaríamos de chegar a um mínimo de 10 por 100 mil habitantes. Ainda há espaço de crescimento bastante grande”, avançou, em declarações aos jornalistas, o psiquiatra Henrique Prata Ribeiro, nomeado, em julho de 2022, coordenador da Estrutura para a Saúde Mental dos Açores.

O responsável falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, à margem de uma sessão de auscultação pública do Plano Regional de Saúde Mental dos Açores, apresentado em janeiro de 2021.

Na altura, Henrique Prata Ribeiro alertou para a necessidade de fixação de mais psiquiatras nos Açores, alegando que o rácio por 100 mil habitantes na região era 5,1, quando no continente português já atingia os 13 e a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) era de 17.

Dois anos depois, o coordenador da Estrutura para a Saúde Mental dos Açores disse que os números “melhoraram”, sobretudo na psicologia, mas salientou que “ainda não é satisfatório o número de médicos, nem de psiquiatras e menos ainda de pedopsiquiatras”.

“Temos de pensar em formas de atrair estes profissionais e dar-lhes condições para que eles se queiram fixar. Tudo demora tempo. A nossa estrutura está nomeada desde finais do mês de julho. Em termos de saúde pública, para fazer as coisas mudar ainda é um tempo curto, mas as coisas têm avançado”, afirmou.

Para colmatar a falta de psiquiatras existente, a Estrutura para a Saúde Mental criou um banco de médicos, com psiquiatras e pedopsiquiatras disponíveis para trabalhar na região, fornecendo esses contactos aos diretores de serviço das unidades de saúde dos Açores.

“A grande vantagem deste banco de médicos é criar uma ligação direta entre os serviços, mesmo que sejam serviços mais deslocados e os médicos psiquiatras e pedopsiquiatras que se mostrem disponíveis. Este banco vai permitir que se faça contratação para teleconsultas e para consultoria aos médicos que estão no local. É uma forma de capacitar indiretamente os médicos que estão no local e que têm outras especialidades”, explicou Henrique Prata Ribeiro.

Em janeiro de 2022, o Serviço Regional de Saúde dos Açores tinha 19 psiquiatras (13 em São Miguel, cinco na Terceira e um no Faial) e dois pedopsiquiatras (um em São Miguel e um na Terceira) e até janeiro de 2023 foram contratados mais um psiquiatra para São Miguel e um psiquiatra e um pedopsiquiatra para a Terceira

No mesmo período, a região contratou 17 psicólogos, aumentando o total de 42 para 59, com o maior crescimento na ilha de São Miguel, que passou de 16 para 25 profissionais.

A Terceira tem agora 16 psicólogos (mais quatro do que em 2022) e o Faial mantém oito.

São Jorge, Graciosa e Santa Maria passaram de um para dois psicólogos e o Pico de dois para três.

O Corvo passou também a contar com um psicólogo, enquanto a ilha das Flores passou a ser a única do arquipélago sem um profissional desta área no SRS.

Para além da fixação de psiquiatras, Henrique Prata Ribeiro destacou a aposta do Plano Regional de Saúde Mental dos Açores na ​​​​​​formação de recursos humanos.

Já foi realizada uma formação online em psiquiatria com 33 médicos e, até meados de julho, estão previstas seis formações de pedopsiquiatria com médicos de medicina geral e familiar, pediatras e técnicos de saúde escolar.

Até final de setembro, deverão também ser realizadas formações para psicólogos e enfermeiros.

“Estamos a prever que haja 25 inscritos em cada formação no mínimo, mas é um número que poderá aumentar”, avançou Henrique Prata Ribeiro.

O plano aponta ainda como prioridades a criação de um serviço de eletroconvulsivoterapia na ilha de São Miguel, a disponibilização de um pátio para doentes internados compulsivamente na ilha Terceira e a criação de um hospital de dia na ilha do Faial.

LUSA/HN

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