Em declarações à agência Lusa, após uma reunião com a Distrital do PSD do Porto, Eurico Castro Alves, eleito em janeiro, explicou que está a reunir “com todos os partidos” para “salientar a importância da profissão médica na sociedade”.
“É preciso chamar a atenção para o destratamento e desrespeito de que tem sido alvo a profissão médica nos últimos 15/20 anos. Queremos deixar o aviso de que nós próprios, nós médicos, não queremos que o país venha um dia destes a ter uma situação igual à que teve com os professores. Queremos chamar atenção de todos os partidos políticos para estarem um bocadinho mais atentos à degradação da profissão médica”, referiu.
O presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos disse que “a situação está a atingir o limite dos limites”, sendo “tempo de começar a olhar e pensar em soluções”.
“Isto tem de ter o envolvimento de todos os partidos no parlamento”, defendeu.
Eurico Castro Alves frisou a disponibilidade dos médicos para “ajudar os partidos, sejam que partidos e ideologias forem, na elaboração dos seus programas”, lembrando que “os médicos, por força da sua atividade, são os que melhor conhecem as realidades sociais, porque estão no terreno”.
“Víamos com bons olhos que mais partidos recrutassem mais médicos para as suas fileiras. Gostaríamos de ver mais médicos no parlamento”, referiu.
Questionado pela Lusa sobre problemas concretos em hospitais do distrito do Porto, o dirigente não quis particularizar e reforçou a importância do “envolvimento de médicos no sistema”.
“Tem-se falado repetidamente que os hospitais do Norte são melhores do que os do Sul. Acredito que a razão não é sobre Norte ou sobre Sul. A verdadeira razão é que nas últimas dezenas de anos os principais hospitais do Norte têm sido dirigidos por médicos. Aí está a diferença na qualidade”, disse.
Já o presidente do PSD/Porto, Sérgio Humberto, disse temer que no verão aconteça um “colapso enorme” no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e defendeu que a situação “não está pior graças aos profissionais de saúde, que gostam de trabalhar no SNS”.
“António Costa, Marta Temido e Manuel Pizarro estão a destruir o SNS. As políticas são as mesmas, mudou o rosto e a voz [do ministro da Saúde] mas vemos que são duas pessoas que pensam da mesma forma. Aliás, Manuel Pizarro é um ex-militante do PCP e a ideologia de extrema-esquerda está a destruir o SNS”, referiu.
Sérgio Humberto criticou a tutela porque, do seu ponto de vista, “não têm existido reformas no SNS para melhor gerir os serviços”.
“E, esta ideologia que deixa de fora o privado e a área social, via IPSS, está a destruir a saúde. Queremos colocar no plano de Governo do PSD a valorização da carreira dos profissionais de saúde”, acrescentou.
O também autarca da Trofa disse que “a carreira médica tem sido desrespeitada relativamente à dos magistrados”, apontando que este “tinham carreiras idênticas em meados dos anos 90 e hoje os magistrados ganham três vezes mais do que os médicos”
Quanto a medidas a tomar, Sérgio Humberto acrescentou a aposta na telemedicina e na literacia da população, a digitalização dos serviços de saúde e a simplificação na contratação de profissionais de saúde, entre outras.
LUSA/HN
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