Dos 40.125 casos suspeitos, foram confirmados 2.627, com maior incidência em crianças até aos nove anos, e 14.000 crianças receberam atendimento médico para confirmação da doença, segundo balanço hoje apresentado pelas autoridades de saúde haitianas.
Várias ONG alertaram nos últimos meses para a impossibilidade de disponibilizar tratamento adequado à população devido à crise em que o país se encontra.
Um relatório apresentado pelo Grupo de Trabalho da Organização dos Estados Americanos (OEA) no país, apresentado em fevereiro, apontou que grande parte da ajuda humanitária recebida país tem sido utilizada no “aliviar de inseguranças”, razão pela qual os recursos não têm sido suficientes.
O Haiti vive uma grave crise social e política. Ao reaparecimento da cólera, junta-se o facto de grande parte do território da capital ser controlado por gangues fortemente armados.
O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, pediu ajuda militar internacional para combater estes gangues, em outubro de 2022.
Max Leroy Mésidor, arcebispo da capital do país, Porto Príncipe, disse nas redes sociais que a situação no país “piora a cada dia” e que o Haiti está a “mergulhar no caos absoluto”.
O arcebispo acusou o Governo do país de “indiferença” para com as vítimas da epidemia e dos grupos armados que têm cometido crimes de violência sexual e sequestro.
Também o Comité Internacional da Cruz Vermelha pediu respeito pela missão médica no país e afirmou que a atividade da organização tem sido dificultada pelas restrições de circulação impostas devido ao risco “de ser apanhada em fogo cruzado”, o que limita em grande medida o acesso aos serviços de saúde.
Nos últimos meses, os Estados Unidos e o Canadá aplicaram sanções a vários líderes políticos haitianos pelo seu envolvimento em narcotráfico, lavagem de dinheiro e financiamento de alguns destes gangues.
A crise provocou um aumento da migração da população do Haiti, através de rotas marítimas perigosas, para os países vizinhos.
Um relatório da Amnistia Internacional, apresentado no início do mês de abril, dá nota de que 40% da população do país está em situação de emergência alimentar.
LUSA/HN
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