Numa interpelação ao Governo promovida pela IL sobre o atual estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o deputado do PSD Rui Cristina considerou que o Governo tem “degradado o SNS nos últimos oito anos”, defendendo que o serviço “está doente e enfermo”, dando o exemplo dos “mais de um milhão e 750 mil utentes sem médico de família”.
“Neste contexto de crise do SNS, o PSD apresentou um conjunto de iniciativas que visam ajudar o SNS, e acima de tudo aumentar a acessibilidade dos portugueses aos cuidados de saúde. (…) Do PS esperamos que as maldiga, que as desdenhe, o que sinceramente basta é que o Governo copie ou aproveite pelo menos algumas delas”, disse o social-democrata.
Por sua vez, o deputado Filipe Melo, do Chega, considerou que o SNS “está em coma”, com “muitos casos no país” onde há utentes a esperar “meses, para não dizer anos, por consultas de oncologia ou de cardiologia”.
Filipe Melo alegou ainda que, no SNS, se gastam “milhões de euros em unidades de saúde para transexuais”, declarações que provocaram um momento de tensão no final do debate, com o ministro da Saúde a qualificá-las de “repugnantes” e de uma “gravidade extrema”.
Pela IL, o deputado Bernardo Blanco considerou que o PS, além de se orgulhar de ter fundado o SNS, pode também “orgulhar-se de o afundar”, acrescentando que os portugueses não têm hoje “acesso universal a cuidados de saúde, mas cada vez mais a listas de espera”.
“Chegou a hora de pôr perante os portugueses a discussão de diferentes modelos e a IL, nas próximas semanas, vai começar por apresentar aos portugueses uma lei de bases de saúde que põe o utente no centro do debate, na solução”, anunciou ainda o líder da IL, Rui Rocha.
A deputada do PS Joana Lima considerou que as preocupações da IL são o setor “privado, privado, privado”, apresentando várias estatísticas para mostrar que o Governo está a reforçar o SNS e a apresentar “boas contas” na saúde.
“O nosso orgulho é sentir que os portugueses sentem que o SNS está forte, que os serve sempre que precisam, que os trata bem e que salva muito e muitas vidas”, disse.
À esquerda do PS, PCP e BE acusaram a IL de querer acabar com o SNS, mas criticaram também o Governo, com o deputado comunista João Dias a defender que o serviço público de saúde está “degradado” e que os seus profissionais de saúde “são desvalorizados”.
“Isto não é o discurso do caos, é o discurso da constatação do sucesso da política do Governo. O senhor ministro sabe muito bem que quanto mais nós compramos ao privado, mais dependentes ficamos do privado”, criticou.
Pelo BE, a deputada Isabel Pires considerou que as consequências de uma política liberal na saúde estão a ser “levadas à prática pela mão do PS”.
“O acesso à saúde é cada vez mais desigual. Aliás, os utentes do SNS pagam cada vez mais pelos serviços de saúde do seu próprio bolso, tal como a IL defende no seu sistema de seguros de saúde obrigatório”, afirmou.
A deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, disse temer que o modelo de remuneração com base no desempenho “afaste ainda mais médicos do modelo das USF [Unidades de Saúde Familiar]”, perguntando ao ministro como é que vai garantir que as carreiras se tornam mais atrativas.
Por sua vez, o deputado único do Livre, Rui Tavares, perguntou a Pizarro porque é que o ministério da Saúde, que é “um dos grandes proprietários de edificado”, não oferece “residências aos jovens médicos” para combater a escassez de profissionais de saúde.
“Posso dizer aqui, que estamos a trabalhar nisso já, numa primeira localização no litoral alentejano, (…) temos alguns equipamentos hospitalares que vamos converter para habitação para os profissionais de saúde”, respondeu Pizarro, suscitando os aplausos da bancada do PS.
Ao longo do debate, o ministro apresentou estatísticas para garantir que o SNS está a funcionar melhor, criticando a direita por escolher dados que dão uma imagem negativa do SNS, mas ignorar os que mostram melhorias do serviço.
Pizarro disse ainda discordar da ideia, veiculada pela esquerda, “de que o Governo favorece de alguma forma o setor privado”, salientando que o executivo defende um “SNS público”, mas com um “política de total ausência de preconceito na relação com outros setores”.
“O SNS é indispensável para a proteção saúde dos portugueses e nele, todos os dias, 150 mil profissionais fazem o seu trabalho”, sublinhou.
LUSA/HN
0 Comments