PSD quer colocar sistema de saúde português entre os dez melhores até 2040

3 de Julho 2023

O presidente do PSD manifestou hoje como ambição do partido colocar o sistema de saúde português entre os dez melhores do mundo até 2040, fazendo “um corte radical com a visão estatizante e centralista” do Governo PS.

Em conferência de imprensa na sede nacional do PSD, num dia em que completa um ano como líder do partido, Luís Montenegro apresentou, de forma genérica, um documento a que o PSD chamou de “Agenda mobilizadora 2030-2040”, com cinco eixos estratégicos e 25 propostas estruturais para mudar este setor em Portugal.

“A nossa ambição é colocar Portugal nos países mais desenvolvidos da OCDE nos indicadores de saúde: estar entre os 15 melhores até 2030 e entre os 10 melhores até 2040. Há condições, há ‘know how’, há pessoas”, defendeu, frisando que “os problemas não se resolvem de um dia para o outro”.

A primeira forma de o fazer, defendeu, é fazer “um corte radical com a visão estatizante e centralista com o que o Governo tem gerido o SNS e o conduziu ao caos em que se encontra e que fica patente na contestação e desmotivação”.

“A ideologia não cura as pessoas, quem cura as pessoas são os profissionais de saúde, os medicamentos”, disse, afirmando que as propostas do partido são “contributos para a discussão” e sem “nenhum dogma ideológico”.

Questionado sobre o encaminhamento de grávidas de baixo risco para hospitais privados, Montenegro salientou que o recurso do SNS “à capacidade instalada do setor social é um caminho correto que o PSD defende há muitos anos”.

“Registo que o senhor ministro [Manuel Pizarro] cada vez mais se aproxima do discurso do PSD (…) Lamento que só quando há uma voragem enorme da realidade o Governo e os seus membros acordem para essa inevitabilidade”, lamentou.

O PSD inicia hoje quatro dias dedicados à saúde, com visitas a hospitais e reuniões, terminando com um agendamento potestativo no parlamento, na quinta-feira, de cinco recomendações ao Governo.

“Estamos hoje a dar o pontapé de saída nesta convocatória que fazemos ao país, agentes de saúde, políticos e Governo”, desafiou.

Entre as propostas consideradas estruturais pelos sociais-democratas para fazer “uma transformação profunda do SNS num verdadeiro Sistema Nacional de Saúde” contam-se, por exemplo, um orçamento plurianual para a saúde, um ‘check up’ anual “com total liberdade de escolha para cada cidadão nos sectores público, privado ou social”, médico de família digital para três milhões de portugueses ou a extensão facultativa do subsistema de saúde ADSE a outros grupos populacionais, além dos funcionários públicos.

Na conferência de imprensa, que se estendeu por cerca de meia hora, Montenegro esteve ladeado do vice-presidente para a área da saúde, Miguel Pinto Luz, do líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento e do coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN) para a saúde, o antigo deputado Nuno Freitas.

No documento entregue à comunicação social, faz-se um histórico dos contributos do PSD para o setor da saúde, desde Sá Carneiro até Pedro Passos Coelho, terminando com a apresentação dos cinco eixos estratégicos que o partido defende para a saúde e que passam pela equidade, proximidade – “mudar a porta de entrada no sistema de saúde” – inovação, colaboração entre academia, empresas e hospitais e sustentabilidade.

Montenegro não apresentou as 25 propostas estruturais da agenda mobilizadora 2030-2040 para a saúde e, questionado sobre os custos de uma delas, considerou que este não é o tempo de “quantificar investimentos, mas de determinar estratégias”, salientando que não se está em campanha eleitoral.

“Temos noção de que os problemas estratégicos e estruturais não se resolvem nem num ano nem numa legislatura, queremos envolver cidadãos, ordens profissionais, sindicatos, todos os intervenientes na construção de um programa de mudança de saúde portuguesa”, defendeu.

LUSA/HN

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