Segundo os boletins diários sobre a progressão da doença, elaborados pela Direção Nacional de Saúde Pública e consultados hoje pela Lusa, o atual surto de cólera em Moçambique regista um acumulado de 33.862 casos de 14 de setembro de 2022 até 15 de agosto, que provocaram 144 óbitos.
No caso da província da Nampula, norte do país, as autoridades de saúde tinham contabilizado até 01 de agosto 2.936 casos da doença, com três óbitos. Com foco essencialmente na cidade de Nampula, capital da província, em apenas 15 dias registaram-se mais 250 casos e mais três mortos, elevando o acumulativo a 3.186 pessoas infetadas desde o início deste surto.
“A epidemia em Nampula está sob controlo, mas ainda temos alguns casos e as equipas multissetoriais estão a trabalhar no intuito de prevenir novos focos na cidade”, descreveu esta semana o vice-ministro da Saúde de Moçambique, Ilesh Jani.
Em 15 de agosto, a taxa de letalidade nacional da doença situava-se em 0,4% e permaneciam internados nas unidades de saúde do país 23 pessoas.
“Nós continuamos a ter alguns focos de cólera no país, a maior parte dos distritos que teve surtos de cólera já estão livres”, destacou igualmente o governante.
As autoridades de saúde moçambicanas declararam no final de julho surtos de cólera em mais dois distritos, Mocímboa da Praia e Mueda, província de Cabo Delgado, que se juntaram a outros dois ativos, admitindo preocupação com o aumento de casos no norte daquela província.
Em Cabo Delgado, norte do país, registaram-se desde setembro do ano passado 1.238 casos, com três mortos.
Até 15 de agosto, a maioria dos casos acumulados de cólera em Moçambique foi registada na província da Zambézia, no centro do país, (13.400 diagnosticados e 38 mortos), especialmente afetada depois da destruição provocada pelo ciclone Freddy, em fevereiro e março, seguindo-se Sofala (7.527 casos e 30 mortos) e Niassa (3.501 casos e 25 mortos), mas sem registo de novos infetados há vários dias.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, destacou em 13 de julho, em Maputo, os esforços de Moçambique, e do Presidente da República, Filipe Nyusi, para travar esta epidemia de cólera.
Para o diretor-geral da OMS, o executivo moçambicano teve uma gestão assinalável da epidemia, que foi agravada pelo impacto do ciclone Freddy.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, situação que agrava a resistência de infraestruturas e serviços que permitam evitar a doença.
A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias, que é tratável, mas que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida.
A doença é causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados por falta de redes de saneamento.
Em maio, a OMS alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que um bilião de pessoas de 43 países podem ser infetadas com a doença.
LUSA/HN
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