“Isto é um manifesto silencioso em prol de mais ou menos cinco mil utentes que não têm médico de família já há mais ou menos três meses”, afirmou José Vale, referindo que os dois médicos que prestavam serviço naquela unidade de saúde reformaram-se.
Considerando tratar-se de um flagelo a falta de médicos de família, José Vale explicou que existe consulta aberta uma vez por semana, à tarde, mas que logo pela manhã os utentes chegam ao centro de saúde, para poderem assegurar uma vaga, mas muitos não são atendidos.
Segundo José Vale, “existiam dois médicos que foram para a reforma”, pelo que há três meses “não há médico de família nenhum”.
O porta-voz, membro da Assembleia de Freguesia de Milagres (independente apoiado pelo Chega), salientou que esta é a primeira iniciativa, estando o protesto silencioso marcado para as 07:00.
Numa informação enviada à Lusa, lê-se que os promotores querem que “esta situação tenha um término breve (…), impactando vidas, doenças, medicação, análises” e “criando desconfiança no SNS [Serviço Nacional de Saúde]”.
O presidente da Junta de Milagres, Mário Sousa Gomes (PS), reconheceu que a questão da saúde está claramente a agravar-se na freguesia.
“Saíram os dois médicos. Neste momento, vai lá um médico que está na reforma, quatro horas, em que as pessoas nas listas de espera às 07:00 e às 06:00 já estão lá. Só consulta cerca de 10 doentes e é complicado”, declarou Mário Sousa Gomes.
O autarca notou que o protesto agendado para sexta-feira não ocorre na altura certa, explicando que “toda a gente da freguesia sabe que, neste momento, tanto a junta como a Câmara Municipal estão a trabalhar intensamente para que o assunto se resolva”.
“Se fosse se calhar daqui a um mês, no final do próximo mês, se a situação não estivesse resolvida, eu estava ao lado desse protesto”, adiantou, reconhecendo, contudo, que a luta das pessoas é legítima, mas o ‘timing’ do protesto “não é o correto”.
Segundo Mário Sousa Gomes, na última Assembleia de Freguesia a situação foi explicada e admitiu que em setembro até poderá ser resolvida.
O Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral (concelhos da Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós) perdeu 25 médicos nos cuidados de saúde primários desde o início do ano, tendo-se registado a entrada de 10 clínicos, disse, em 26 de julho, o diretor executivo, Marco Neves.
Hoje, Marco Neves adiantou que o agrupamento “tem feito múltiplos esforços para resolver esta e outras situações similares, mas até à data nenhuma surtiu efeito”.
LUSA/HN
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