“Esta ação deverá ser replicada para atingirmos um maior número de profissionais de saúde e desenhar outras ações”, frisou Ângela Gomes, diretora nacional de Saúde, na abertura de dois dias de formação, na Praia.
O objetivo é derrubar barreiras e preservar direitos de qualquer grupo, permitindo que os profissionais de saúde ofereçam “a melhor compreensão” a quem têm de atender, “mesmo que não tenham a resposta no momento”, exemplificou.
“Cerca de 37,6% das pessoas LGBTQIA+ afirmam ter sido vítimas de violência ou discriminação na sociedade cabo-verdiana, uma realidade que temos de mudar”, frisou David Matern, representante do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), parceiro da iniciativa.
“A formação que hoje se inicia é mais um sinal da importância que o Governo de Cabo Verde dá para inverter este cenário”, acrescentou.
David Matern recordou testemunhos de quem já sentiu discriminação ou “falta de compreensão” pelas suas escolhas pessoais, bem como “a experiência negativa de uso de hormonas sem a orientação de profissionais de saúde”.
Todas as situações mostram falhas em assegurar “o elementar direito à saúde” e que derivam de um “ambiente generalizado de hostilidade”, que resulta de discriminação generalizada e em diversas esferas sociais.
Matern disse esperar que “a lei contra a discriminação, que se encontra no parlamento para ser aprovada, tenha impacto” e impulsione uma “mudança do comportamento geral da população” a favor da inclusão.
A formação dos profissionais de saúde em atendimento às pessoas LGBTQIA+ é uma iniciativa de dois dias da Direção Nacional da Saúde, através do Programa Nacional de Saúde Sexual e Reprodutiva, em parceria com o FNUAP e a colaboração técnica do Comité de Coordenação e Combate à SIDA (CCSSIDA) e da Associação Cabo-Verdiana de Luta Contra Violência Baseada no Género (ACLCVBG).
A capacitação será replicada na ilha de S. Vicente, nos dias 26 e 27 de setembro.
Médicos, enfermeiros e, em especial, psicólogos, vão receber formação sobre o conceito de género, a perpetuação de relações desiguais de género na sociedade, o conceito de diversidade sexual e a sua relação com o género.
A atividade inclui tempo para os participantes refletirem sobre direitos humanos, direitos sexuais e reprodutivos e direitos das pessoas LGBTQIA+, com foco na saúde e sexualidade, sem discriminação e estigmatização.
Os grupos-alvo poderão ser ampliados no futuro, a par de outras iniciativas ligadas à temática.
Como exemplo, Ângela Gomes destacou a necessidade de investimentos, nomeadamente “no ambiente legal”, criando regulamentos que clarifiquem os procedimentos a realizar no dia-a-dia e que não chegam a ser detalhados na lei geral.
LUSA/HN
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