O objetivo é sensibilizar também a população, comunidade médica e decisores políticos para a importância do exercício físico no plano de tratamentos e seguimento do cancro da mama e cancro da mama avançado.
Estudos em mulheres com cancro da mama mostram que o exercício, aliado aos tratamentos, melhora a aptidão física, a composição corporal e a recuperação pós-cirúrgica, assim como a qualidade de vida e bem-estar, os sintomas de fadiga, ansiedade e depressão. Isto é particularmente relevante quando as opções terapêuticas disponíveis atualmente conferem mais anos de vida com qualidade.
O cancro da mama é a segunda causa de morte por cancro na mulher. Em Portugal, são detetados cerca de sete mil novos casos por ano. No entanto, há uma diminuição progressiva na mortalidade deste tipo de cancro, que pode ser atribuída aos progressos no diagnóstico e tratamento, permitindo que as mulheres vivam mais anos sempre com foco no seu bem-estar. A Liga Portuguesa Contra o Cancro estimava, em 2019, que Portugal teria 500 mil sobreviventes de cancro e perto de 100 mil doentes em tratamento.
A campanha “Mais vida e em equilíbrio com o cancro da mama” está a ser dinamizada pela AICSO, através do programa ONCOMOVE – que inclui diversos projetos de investigação, formação e ação comunitária, para integrar o exercício físico na jornada dos doentes. A iniciativa conta com o apoio de diversos parceiros em vários pontos do país, onde se inclui os hospitais de Gaia e Santo Tirso, a norte, IPO de Coimbra e o Santa Maria, em Lisboa.
“Os benefícios do exercício físico durante os tratamentos oncológicos estão amplamente demonstrados. A prática regular tem um papel ativo na prevenção terciária desta patologia. Mesmo após o diagnóstico de cancro da mama, o exercício vai contribuir para atenuar os efeitos adversos relacionados com a doença e/ou com os seus tratamentos”, explica a médica oncologista Ana Joaquim, membro da direção da AICSO e investigadora na European Organization of Research and Treatment in Cancer.
A especialista sublinha que o cancro e os tratamentos, como a quimioterapia, são compatíveis com vida ativa e exercício. “A evidência científica mostra-nos que o exercício é seguro e traz inegáveis benefícios. Mesmo nos casos de cancro avançado, deve ser encarado como uma ferramenta nos cuidados de suporte, pois pode melhorar o prognóstico e qualidade de vida”, afirma Ana Joaquim, reforçando que o exercício deveria ser um componente padrão de todos os planos de tratamento do cancro.
“Os tratamentos em Oncologia não devem ser tratamentos dirigidos apenas ao cancro. O exercício físico, devidamente supervisionado e adaptado a cada caso, é um cuidado de suporte que cientificamente já mostrou ser eficaz e seguro nas várias fases da vida da pessoa que vive com e para além do cancro. É preciso que esta mensagem chegue a todas as pessoas, tanto da sociedade civil como dos cuidados de saúde e até das entidades reguladoras”, defende Ana Joaquim.
Por outras palavras, sustenta que o exercício físico deve ser encarado como um “medicamento”, a par de outros tratamentos de suporte, como analgésicos e medicamentos para evitar os enjoos e vómitos, e dos tratamentos dirigidos ao cancro, como a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia, os tratamentos hormonais, ou outras terapêuticas-alvo e a imunoterapia. A responsável da AICSO acrescenta que a abordagem à doença deve ser humanizante para a pessoa e que o exercício físico caminha neste sentido. “É preciso estimular estas mulheres, dar-lhes ferramentas para que possam ter uma vida para viver para além do cancro. Mas o estímulo tem de chegar também a quem a rodeia, desde cônjuge, filhos, amigos, família, empregador, empregados e colegas de trabalho. A sociedade pode, e deve, continuar a contar com aquela mulher, ainda que com algumas adaptações, como acontece com outras doenças e situações da vida”, remata.
De acordo com Maria Rita Dionísio, diretora médica da Novartis Portugal, um dos parceiros da campanha, “o compromisso da Novartis na área do cancro da mama expressa-se no desenvolvimento de soluções terapêuticas que mudam a vida de doentes com cancro da mama, impactando positivamente as suas famílias e sociedade. A nossa inovação é o nosso maior contributo, mas reconhecemos que há muitos outros fatores que são determinantes para a melhoria da qualidade de vida das mulheres com cancro da mama e, por isso, continuamos igualmente empenhados em colaborar com parceiros, como é o caso da AISCO, em projetos que permitam contribuir para que estas mulheres consigam gerir cada vez melhor a sua condição no sentido de harmonizar de forma mais completa a sua jornada, para obter os melhores resultados em saúde”, conclui.
PR/HN
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