ONG angolana critica “falta de liderança política” na resposta ao VIH/Sida no país

30 de Setembro 2023

Uma organização não-governamental angolana criticou hoje a “falta de liderança política” na resposta ao VIH/Sida no país, que conta com 350.000 pessoas vivendo com a doença, receando o alastrar da situação se "não forem tomadas medidas”.

Segundo o presidente da Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida e Grandes Endemias (ANASO), António Coelho, o cenário atual do VIH/Sida em Angola, sobretudo no domínio da resposta à doença, é preocupante e pode agravar-se por falta de medidas.

O país tem uma taxa de prevalência de 2%, contando com cerca de 350.000 pessoas vivendo com o VIH/Sida, a maioria mulheres, e destas apenas 45% fazem terapia antirretroviral, disse à margem da cerimónia de lançamento das Jornadas Alusivas ao Dia Mundial da Sida 2023, agendadas para 15 de novembro a 15 de dezembro.

De acordo com o responsável, as províncias de Luanda, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Cunene são as mais afetadas pela doença, observando que na capital angolana o território mais afetado é o distrito do Zango.

António Coelho afirmou que existem “deficiências do ponto de vista da liderança política”, pois a Comissão Nacional de Luta Contra a Sida “funciona de forma deficiente”, havendo “limitações do ponto de vista de produtos de tratamento e prevenção à doença”.

Em concreto, apontou limitações no acesso aos antirretrovirais, na disponibilidade de preservativos e de testes, além de “graves limitações financeiras” que impedem a ANASO de continuar a desenvolver campanhas comunitárias para melhorar o conhecimento e informação à população.

Defendeu a necessidade de se “olhar com olhos de ver” para a situação da doença no país, tendo concluído que Angola “está ainda muito longe do compromisso de acabar com a Sida como um problema de saúde pública até 2030”.

Durante as jornadas alusivas ao Dia Mundial da Sida 2023 decorrerão várias atividades de sensibilização e uma marcha de solidariedade para com as pessoas que vivem com a doença, prevista para 25 de novembro.

Operação stop sobre os perigos do VIH/Sida, roda de diálogo, Natal solidário à criança vulnerável, teatro sobre o Sida com a comunidade LGBTQI+ e o encontro nacional da ANASO são algumas das atividades programadas.

Um concurso musical denominado “Canta Sida”, com as participações das cantoras angolanas Yola Semedo e Noite e Dia, foi igualmente apresentado na cerimónia.

NR/PR/Lusa

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Vítor Almeida é o novo presidente do INEM

O Ministério da Saúde nomeou Vítor Fernandes Almeida para presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo.

DE-SNS divulga números dos internamentos sociais e clarifica depois

O diretor executivo do SNS divulgou hoje dados que apontavam para uma quase duplicação, em três meses, dos internamentos sociais e indevidos nos hospitais públicos, mas a Direção Executiva clarificou depois que a maioria não estava internada naqueles hospitais.

Xavier Barreto: “Avaliação dos conselhos de administração faz sempre sentido”, mas “temos que criar condições”

Xavier Barreto disse ao HealthNews que os hospitais “sempre foram responsáveis pelos seus doentes, inscritos em lista cirúrgica ou quaisquer outros”, e que a avaliação dos conselhos de administração “faz sempre sentido”. “Nós temo-la defendido, mas para isso temos que criar condições, temos que dar autonomia aos conselhos de administração”, alertou.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights