HealthNews (HN)- A quem se destina e qual o objetivo do Prémio MSD de Investigação em Saúde?
Paula Martins de Jesus (PMJ)- O Prémio MSD de Investigação em Saúde destina-se a equipas constituídas por médicos internos de especialidade e especialistas que trabalhem em instituições de prestação de cuidados de saúde ou científicas sem fins lucrativos. Os objetivos deste prémio são, sobretudo, reconhecer e ajudar a implementar projetos de investigação na área da saúde que sejam inovadores e que tenham um impacto real na saúde e na sociedade. Ou seja, pretende-se gerar dados nacionais e estimular o gosto pela investigação por parte dos jovens médicos.
HN- Estão satisfeitos com os resultados obtidos desde a primeira edição?
PMJ- Estamos muito satisfeitos. Esta é a quinta edição e verificamos que, ao longo de diferentes edições, tem havido um interesse constante no prémio, por parte de equipas de investigação de áreas diversas da Medicina. Este ano, por exemplo, recebemos projetos de norte a sul do país, incluindo Portugal insular. Tivemos submissões de 16 especialidades diferentes, de instituições como hospitais, IPO, centros de investigação, cuidados de saúde primários. Acho muito importante referir que estamos a verificar um aumento progressivo do número de candidaturas provenientes dos cuidados de saúde primários, o que é extremamente interessante e motivador.
HN- Carreiras médicas é o tema da conferência da quinta edição. É pertinente atualmente porquê? E quem serão os oradores?
PMJ- A pertinência de lançar esta conferência, que está sempre associada à entrega do prémio e à apresentação das candidaturas finalistas, prende-se com o facto de vivermos num mundo que evoluiu a uma velocidade que, provavelmente, há três ou quatro anos, não imaginávamos. Estou a falar de uma evolução a nível tecnológico, de uma transformação digital num mundo que está permanentemente em mudança. Têm sido momentos muito desafiantes para os médicos e para o Serviço Nacional de Saúde.
Esta conferência pretende promover a partilha de experiências e o debate sobre o futuro enquanto médicos e, também, enquanto sociedade. A Medicina é o ponto de partida para vários caminhos. Durante algum tempo, a Medicina era apenas assistencial, mas pode ser isso e muito mais. Além da clínica e do tratamento do doente, podemos ter outras áreas, carreiras completamente distintas, que tocam diferentes aspetos da sociedade – mas sempre com o mesmo objetivo de cuidar, de tratar os doentes.
Nesta edição, vamos ter uma mesa-redonda com médicos com carreiras distintas, que vão partilhar as oportunidades, os desafios que tiveram, as razões da sua escolha e qual o impacto que acham que têm tido na sociedade. O objetivo é fazermos uma reflexão, mas também desafiar e inspirar toda a nossa audiência – estudantes de Medicina e jovens médicos – que, seguramente, vão tirar o maior partido destas experiências e conhecimento.
A Dr.ª Margarida Santos, médica de Medicina Geral e Familiar e autora de vários projetos digitais de literacia em saúde, vai ser a moderadora da mesa-redonda, que contará com a participação dos seguintes convidados: Prof. ª Doutora Ana Oliveira, Consultora para Ação Humanitária e de Emergência; Prof. Doutor Francisco Goiana da Silva, Membro da Direção Executiva do SNS; Prof. Doutor João Eurico Fonseca, Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; eu própria, enquanto Diretora Médica da MSD Portugal e Presidente da Associação Portuguesa de Medicina Farmacêutica (AMPIF); e Dr. Tomás Pessoa e Costa, Médico Dermatologista e fundador da plataforma DIOSCOPE. Temos variadíssimos perfis, que representam diferentes carreiras. Vai ser francamente energizante e diverso. Neste evento, contamos ainda com a participação solene da Exma. Senhora Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a senhora Prof.ª Doutora Elvira Fortunato, e do Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Carlos Cortes.
HN- A investigação científica em Portugal está no bom caminho ou ainda há muitos pontos a melhorar?
PMJ- Com base na minha experiência de mais de 20 anos na área de Investigação, posso afirmar que foi feito um longo caminho até agora. A realidade que vivíamos há dez anos não é a mesma que temos hoje, mas há sempre oportunidades de melhoria, nomeadamente a criação de centros de investigação a nível dos hospitais e dos cuidados de saúde primários que sejam eles próprios profissionalizantes, com independência, que possam ter o foco de investigação e agregar o conhecimento e a experiência que as diferentes instituições têm. Temos uma oportunidade de melhoria em termos de governance, de organização, e, sobretudo, em termos de dar tempo aos nossos profissionais de saúde, não apenas para uma vertente assistencial, mas também para a investigação.
Atualmente, a investigação é uma parte determinante na evolução de um médico, na evolução do conhecimento. Sendo a indústria farmacêutica, no caso dos ensaios clínicos, o principal parceiro da investigação clínica em Portugal, temos também a responsabilidade de apoiar as diferentes instituições a encontrar estes modelos de governance, e, principalmente, ajudar na formação de profissionais de saúde na área da investigação clínica, dotando-os com as competências e capacidades necessárias para a investigação.
HN- Como é que a MSD contribui para o avanço da investigação científica em saúde? Qual a sua grande missão?
PMJ- A MSD tem como missão investigar, desenvolver e garantir o acesso a medicamentos e vacinas inovadores que salvam e melhoram vidas. Temos vindo a fomentar a investigação nas suas diferentes vertentes, tornando Portugal mais atrativo para a investigação clínica. A nível mundial, a MSD tem milhares de ensaios clínicos a decorrer, em que a Oncologia é um dos melhores exemplos.
Temos também sido capazes de atrair investimento para Portugal para estudos da iniciativa do investigador e desenvolver, igualmente, estudos de geração de evidência a nível local na área da investigação. Paralelamente, continuamos a apostar na educação médica através de iniciativas de literacia, formações na área da comunicação, apoio no desenvolvimento de protocolos e na interpretação criteriosa de artigos científicos, partilha de noções básicas de estatística, promoção do valor do medicamento e valor em saúde.
HN- Terminamos esta conversa com uma mensagem para os médicos/investigadores em Portugal?
PMJ- A mensagem para todos os médicos investigadores é: parabéns, porque vocês são heróis, porque conseguem juntar à vossa vertente assistencial a capacidade de investigar, de gerar dados, e conseguem tornar Portugal muito mais visível. Os nossos médicos e investigadores em tudo se comparam aos melhores do mundo. Falta-nos visibilidade, falta-nos ter mais tempo, mais disponibilidade para a investigação.
Acredito que todos aqueles médicos que são capazes de fazer investigação em paralelo com a sua atividade assistencial serão mais fortes, mais experientes, mais inovadores e esta experiência irá refletir-se no cuidado dos vossos doentes. Partilho o nosso agradecimento e reitero o compromisso: contem com a MSD para fazer acontecer vida e para vos ajudar no vosso caminho.
HN/RA
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