ULS de Coimbra prevê criar comunidades de saúde em articulação com municípios

15 de Fevereiro 2024

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra prepara a criação de comunidades de saúde intermunicipais com os municípios da sua área de abrangência para centralizar um conjunto de serviços de saúde comuns para os utentes.

“Estamos a trabalhar com as duas comunidades intermunicipais – Coimbra e Leiria – para criarmos comunidades de saúde, que são na prática agregações homogéneas de alguns municípios, e para que consigamos definir um plano de saúde, com uma governação clínica comum e a centralização de um conjunto de serviços”, explicou o presidente do conselho de administração, Alexandre Lourenço.

Segundo o administrador, a intenção é criar serviços descentralizados de medicina dentária ou de saúde oral, de fisioterapia, de análises clínicas, de raio-X, que evitem deslocações dos doentes ao hospital ou a Coimbra para receberem cuidados de saúde.

O objetivo é desenvolver um modelo dentro da ULS que melhore a qualidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e disponibilize à população um conjunto de serviços “em contínuo, ao invés de as pessoas sentirem os serviços de saúde quase como silos autónomos”, trabalhando em conjunto “uma grande equipa de cuidados primários, hospitalares e saúde pública”.

“A nossa grande preocupação é que a vida e a forma como os doentes vivem o sistema de saúde não seja como tem sido até agora – com o hospital ou vários hospitais e especialidades de um lado e médicos de família e unidades de cuidado da comunidade do outro”, sublinhou Alexandre Lourenço.

Segundo o responsável da ULS de Coimbra, é necessário articular, de uma forma integrada, com maior proximidade, os serviços de saúde prestados à população, de forma a diminuírem tempos de espera nas consultas médicas hospitalares e para se evitar idas desnecessárias às urgências hospitalares.

“Vamos trabalhar ao longo deste ano para encontrar [serviços] contínuos entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares, em que o doente não note diferenças e sinta, na prática, que está a ser atendido pela ULS”, frisou.

O responsável adiantou que a ULS de Coimbra já iniciou o percurso integrado para a área da diabetes, que afeta 10% da população, com a criação de um grupo de trabalho que vai desenhar como é que este tipo de utente vai ser atendido ao longo do sistema.

Segundo Alexandre Lourenço, os percursos integrados vão assentar em unidades funcionais de ambulatório dentro da componente hospitalar, em que são oferecidos cuidados multidisciplinares ao doente, evitando que percorra várias especialidades hospitalares.

“Na prática, quando um médico de família tiver uma dúvida ou uma questão pode contactar diretamente a unidade de ambulatório que funciona nos cuidados secundários”, explicou o administrador, referindo que os doentes quando agudizam podem ir diretamente para essa unidade de ambulatório e não para uma unidade hospitalar.

A expectativa de Alexandre Lourenço é a de que durante 2024 estejam definidos percursos de cuidados para a área da diabetes, insuficiência cardíaca, doenças crónicas respiratórias, como a asma e a doença pulmonar obstrutiva crónica, e das demências, “que é uma preocupação pelo facto de a população ser bastante envelhecida”.

A ULS de Coimbra garante um raio de ação em 21 concelhos e aproximadamente 415 mil utentes, na qual cerca de metade são idosos e a densidade populacional é mais reduzida.

Esta estrutura integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), constituído pelos Hospitais da Universidade de Coimbra, Hospital Geral, Hospital Pediátrico e Maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos, Hospital Sobral Cid, mais o Hospital Arcebispo João Crisóstomo, de Cantanhede, e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais (Cantanhede).

Fazem ainda parte as unidades do Agrupamento de Centros de Saúde (AceS) do Pinhal Interior Norte e os centros de saúde de Coimbra – Celas, Eiras, Fernão Magalhães, Norton de Matos, Santa Clara e São Martinho do Bispo –, e de Cantanhede, Condeixa-a-Nova, Mealhada, Mira, Mortágua e Penacova, todos do AceS do Baixo Mondego.

LUSA/HN

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