Um dirigente do Ministério da Saúde sul-coreano, Chun Byung-wang, disse que, até sexta-feira, foram enviadas notificações administrativas a mais de 4.900 “médicos estagiários que desafiaram as ordens de regresso ao trabalho”.
Estas notificações formais são o primeiro passo antes de uma suspensão administrativa de três meses.
Esta medida poderá ainda atrasar em mais de um ano o curso de especialização e quaisquer formações posteriores na carreira, já que os processos dos médicos vão ficar com a medida disciplinar e o motivo registados, o que vai afetar na procura de trabalho.
O ministro da Saúde sul-coreano, Cho Kyoo-hong, prometeu ser tolerante com os médicos que abandonem a greve antes de concluídos os procedimentos de suspensão.
Cerca de 12 mil estagiários, ou 93% do total, permaneciam ausentes dos postos, de acordo com os mais recentes dados oficiais do Ministério da Saúde, divulgados esta manhã.
Quase 70% (8.945) dos 13 mil médicos residentes do país entregaram cartas de demissão numa centena de hospitais universitários.
A 03 de março, cerca de 30 mil médicos – 15 mil, indicou a polícia local – manifestaram-se nas ruas de Seul.
No mesmo dia, os estagiários receberam ordem para regressarem ao trabalho, mas apenas 565 o fizeram.
De acordo com a lei sul-coreana, os médicos, considerados trabalhadores essenciais, não podem fazer greve.
A greve por tempo indeterminado foi lançada em protesto contra a reforma do setor promovida pelo Governo da Coreia do Sul, que inclui o aumento do número anual de licenciados em medicina de 3.000 para 5.000.
A Associação Médica Coreana (KMA, na sigla em inglês) denunciou que estas medidas implicam uma carga insustentável para as universidades e não resolvem a falta de incentivos para escolher as especialidades mais mal pagas, como a pediatria, ou para preencher vagas em locais remotos.
Na semana passada, a polícia convocou ainda cinco atuais e antigos responsáveis da KMA para testemunhar em relação à greve, emitindo mesmo ordens para não deixar quatro funcionários da organização sair do país, tendo, entretanto, realizado buscas à sede do organismo.
Em 03 de março, a Associação Médica Mundial emitiu uma declaração de apoio ao direito à greve dos médicos sul-coreanos e apelou para “condições de trabalho razoáveis” e um “plano estratégico para o desenvolvimento da educação médica”.
A greve perturbou o funcionamento dos hospitais da Coreia do Sul, obrigando a cancelar tratamentos cruciais e cirurgias.
LUSA/HN
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