Empresas finlandesas instaladas em Portugal “valorizam muito” o mercado de trabalho nacional e veem o país “como um excelente centro de talentos, porque vêm também talentos internacionais, por exemplo, do Brasil”, disse à Lusa Laura Lindeman, que lidera o programa de atração de talento estrangeiro ‘Work in Finland’, integrada no ‘Business Finland’ (equivalente à AICEP-Portugal Global).
A qualidade da mão-de-obra, em particular nas tecnologias, e o bom nível de inglês são apontados como mais-valias que justificam a instalação de empresas finlandesas em Portugal – atualmente são cerca de 20, com destaque para a Nokia como a maior empregadora.
Laura Lindeman, que se encontra em Lisboa para participar hoje na conferência ‘Business Roundtable Portugal’, deixa um convite: “Os talentos são mais que bem-vindos na Finlândia”.
“Temos empresas do setor tecnológico de tão alta qualidade que o talento português beneficiaria muito com isso, para aprender e depois podem trazer esse tipo de aprendizagens de volta. É sempre benéfico fazer circular os cérebros”, comentou, sublinhando estar a par do problema de fuga de profissionais altamente qualificados que afeta Portugal.
Com cerca de 5,5 milhões de habitantes, a Finlândia enfrenta, como muitos países europeus, um problema de envelhecimento da população.
“Não temos mãos suficientes para trabalhar”, disse Laura Lindeman.
Por outro lado, sendo um país pequeno no norte da Europa, a Finlândia “precisa de estar ligada a outros países e precisa de construir ligações e relações comerciais com outros países”, prosseguiu.
“Acreditamos que isso acontece através das pessoas”, disse, considerando que as empresas finlandesas também beneficiam do “valor acrescentado de pessoas com diferentes antecedentes culturais”.
Apesar de não fixar metas, as autoridades finlandesas estimam que no futuro vão precisar de “dezenas de milhares” de trabalhadores na área das tecnologias e, em 2030, que necessitem de 200.000 funcionários no setor de saúde, dos quais até 30% estrangeiros.
Como argumentos para atrair trabalhadores qualificados, a Finlândia apresenta-se como o país mais feliz do mundo, de acordo com uma avaliação das Nações Unidas, um título que já recebeu seis vezes consecutivas – e esta semana saberá se mantém a distinção.
“Somos uma sociedade equilibrada e estável, com igualdade de oportunidades. As mulheres também podem fazer carreira na Finlândia e, especialmente se formos para fora da Europa, isso não é muito comum nalguns países. É um país seguro”, exemplificou Laura Lindeman, referindo ainda “bons sistemas de saúde e de educação” e “uma ótima conciliação” entre a vida profissional e privada.
Para famílias, destacou a possibilidade de licenças de paternidade de nove meses e que podem estender-se até três anos.
“Temos empresas muito inovadoras e oportunidades de carreira, especialmente na área da tecnologia, por exemplo, tecnologia limpa e todo o tipo de novas tecnologias. É algo de que a Finlândia se orgulha muito”, referiu a responsável, destacando ainda programas de financiamento para empresas ‘startups’ (emergentes).
Atualmente, a emigração de portugueses para a Finlândia situa-se em cerca de 250 pessoas por ano, um número que Laura Lindeman acredita que pode crescer.
LUSA/HN
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