“Conversações estão a decorrer com o Governo, mas prevalece o braço de ferro, visto que este teima em não apresentar garantias concretas de que vai cumprir com os acordos de junho e agosto de 2023 firmados em sede de negociações”, disse a secretária-geral da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Sheila Chuquela, em conferência de imprensa, em Maputo.
Em causa está uma greve iniciada há quase um mês pela APSUSM, que abrange cerca de 65 mil profissionais de saúde de diferentes departamentos do Sistema Nacional de Saúde, exceto os médicos.
Chuquela afirmou que a classe quer que o Governo apresente prazos para o cumprimento dos acordos já alcançados em sede de negociações, sobretudo no que diz respeito a disponibilização de material médico hospitalar e melhoria das condições do trabalhador.
A responsável voltou a acusar o Governo de intensificar as ameaças aos profissionais de saúde, recorrendo à transferências arbitrárias para unidades sanitárias mais distantes.
“Podemos provar a nossa desconfiança quanto à vontade do Governo de cumprir com os acordos com a APSUSM na medida em que continua seviciando o profissional com transferências arbitrárias para locais mais distantes da área do trabalho atual”, afirmou.
A secretária-geral da APSUSM acusou ainda o Governo de continuar a “negligenciar” a saúde dos moçambicanos, ao “usar estudantes totalmente despreparados” para atender os utentes que procuram pelos cuidados de saúde.
“Como se pode depreender, são manobras de quem não quer efetivamente solucionar os problemas existentes no sistema nacional de saúde e furta-se a levar com seriedade as questões apresentadas para não solucionar os problemas e cansar o profissional de saúde”, acrescentou.
Mais de 50 mil profissionais de saúde aderiram à greve iniciada em 29 de abril, anunciou anteriormente a associação.
O regresso à greve tinha sido marcado para 28 de março, mas esta foi suspensa um dia antes na sequência de conversações com o Governo moçambicano que culminaram com o cumprimento de alguns pontos da reivindicação, como o enquadramento dos profissionais de saúde, visitas de monitorização às unidades hospitalares e a resolução das irregularidades no pagamento de subsídios, referiu na altura a APSUSM.
Passados quase 30 dias da suspensão da greve, os profissionais de saúde moçambicanos voltaram a queixar-se do incumprimento e da não realização das “visitas de monitorização” do cumprimento dos acordos entre as partes, referindo que os hospitais “estão piores que no início do diálogo”.
Entre outros aspetos, a APSUSM exige que o Governo providencie medicamentos aos hospitais, que têm, em alguns casos, de ser adquiridos pelos pacientes, a aquisição de camas hospitalares, a resolução do problema da “falta de alimentação”, bem como o equipamento de ambulâncias com materiais de emergência e equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta vai “obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.
LUSA/HN
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