“As crianças do Burundi são as primeiras a ser afetadas pela epidemia, com taxas de infeção alarmantes e efeitos graves para a saúde”, afirmou Paul Ngwakum, conselheiro regional de Saúde da UNICEF para a África Oriental e Austral.
O Burundi é o segundo país mais afetado pela epidemia, depois da República Democrática do Congo (RDCongo).
A epidemia em África “não está sob controlo”, sublinhou esta quinta-feira a agência de saúde da União Africana (Africa CDC).
A variante da varíola mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, é uma doença viral que se transmite dos animais para os seres humanos, mas também pode ser transmitida entre seres humanos através de contacto físico prolongado, causando febre, dores musculares e lesões cutâneas. Por vezes, pode ser fatal.
O ressurgimento da varíola no continente e o aparecimento de uma nova variante (clade 1b) levaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) a acionar o seu nível mais elevado de alerta global em meados de agosto.
De acordo com a OMS, entre janeiro e 8 de setembro, foram notificados 25.093 casos suspeitos de varíola e 723 mortes em todo o continente.
Só a RDCongo, epicentro da epidemia, regista 21.835 casos e 717 mortes ligadas à mpox, enquanto o vizinho Burundi regista 1.489 casos presumíveis e nenhuma morte.
Os jovens têm sido fortemente afetados nos países africanos em que foi registada a presença de surtos e são também responsáveis por uma grande parte das mortes registadas na RDCongo, segundo a OMS.
Segundo Paul Ngwakum, dois terços dos casos registados no Burundi são de pessoas com 19 anos ou com idade menor.
“O aumento do número de casos de varíola é particularmente preocupante nas crianças com menos de 5 anos, que representam 30% dos casos registados”, explicou à comunicação social em Genebra, em declarações por videoconferência a partir de Bujumbura.
A situação é agravada pelo facto de muitas das crianças da região já terem o sistema imunitário enfraquecido e sofrerem de outras patologias (SIDA, pneumonia, malária, etc.), acrescentou Ngwakum. “O tratamento será crucial para evitar que morram”, disse.
LUSA/HN
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