Investigadores da FMUP querem identificar melhor doentes com insuficiência cardíaca

12 de Dezembro 2024

Dois investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) identificaram lacunas nas recomendações atuais para diagnosticar deficiência de ferro em doentes com insuficiência cardíaca e sugerem a revisão dos procedimentos, divulgou hoje esta instituição de Ensino Superior.

Os estudos levados a cabo por Francisco Vasques-Nóvoa e por Pedro Marques, professores de Cirurgia e Fisiologia da FMUP, foram publicados na revista médica Clinical Research in Cardiology entre setembro e outubro deste ano.

Em comunicado, a FMUP destaca que “atualmente, as diretrizes, baseadas em análises ao sangue à ferritina e saturação da transferrina, orientam a suplementação de ferro”, sendo que os autores dos novos estudos agora conhecidos sugerem novas abordagens.

O ferro é um componente essencial para a produção de glóbulos vermelhos e para a respiração celular, ambos importantes para a contração do músculo cardíaco.

No seu estudo, Francisco Vasques-Nóvoa explorou o papel da ferritina, uma proteína utilizada como marcador das reservas corporais de ferro, em doentes com insuficiência cardíaca aguda internados.

Com base numa coorte de 526 doentes do registo EDIFICA (Estratificação de Doentes com InsuFIciência CArdíaca Aguda), o estudo revelou que, em casos de agravamento da insuficiência cardíaca, especialmente quando existe inflamação, a ferritina deixa de ter utilidade para identificar a deficiência de ferro.

“Pelo contrário, nestas circunstâncias, os níveis elevados de ferritina no sangue emergem como um dos principais indicadores de mau prognóstico entre os marcadores associados ao metabolismo do ferro”, lê-se no resumo enviado à Lusa.

Já no estudo liderado por Pedro Marques foi avaliado o melhor marcador para identificar os doentes com insuficiência cardíaca que beneficiam de suplementação de ferro, concluindo-se que a saturação da transferrina, a proteína responsável pelo transporte do ferro no sangue, é o marcador mais fiável para diagnosticar défice de ferro, quando é inferior a 20%.

De acordo com o resumo da FMUP, neste estudo, feito em colaboração com a Universidade de McGill (Montreal, no Canadá), foi demonstrada a fraca utilidade da ferritina na identificação de doentes que beneficiam de suplementação de ferro.

“As conclusões dos dois artigos destacam a necessidade rever os critérios para identificação de défice de ferro nestes doentes, tanto em contextos agudos de internamento como em casos de doença crónica estável”, lê-se no resumo.

LUSA/HN

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