Em comunicado, o instituto da Universidade do Porto avança hoje o projeto, intitulado FLAMIN-GO e do qual fazem parte 14 instituições de nove países, visa personalizar os tratamentos para a artrite reumatoide, uma doença crónica, autoimune e infamatória que causa dor, inchaço, rigidez e perda de função nas articulações.
Caracterizada por uma inflamação de diversas articulações, a artrite reumatoide pode atingir e causar alterações na cartilagem, osso, tendões e ligamentos, afetando de 0,8% a 1,5% da população portuguesa.
A doença é quatro vezes mais prevalente nas mulheres do que nos homens, sendo o “pico de incidência” após a menopausa.
Por considerarem que é “cada vez mais premente adequar as terapias ao perfil de cada um dos doentes”, os especialistas envolvidos no projeto vão desenvolver uma plataforma que mimetiza todos os tecidos atingidos pela inflamação, desde a cartilagem, tecido sinovial, sistema vascular e células imunes.
Citada no comunicado, Meriem Lamghari, investigadora líder do grupo ‘Neuro & Skeletal Circuits’ do i3S, explica que cada um dos tecidos será organizado como “se fossem peças de lego” e que os sensores “vão captar este meio ambiente patológico” para perceber melhor a doença e como reagem os tecidos quando neles são testados fármacos.
A plataforma vai integrar várias tecnologias, desde bio-impressão, sensores e microfluídica, e os especialistas vão recorrer a células derivadas de biopsias de doentes com artrite reumatoide para “desenvolver a terapia adequada para cada paciente”.
“Ou seja, obter uma terapia individualizada e personalizada”, destaca Meriem Lamghari, acrescentando que o projeto prevê ainda a criação de uma ‘startup’ [empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento] para a futura comercialização desta solução.
No âmbito do projeto, o grupo de investigação português, que irá receber cerca de meio milhão de euros, “vai desenvolver o compartimento que mimetiza o tecido vascular em condições inflamatórias”.
Segundo a investigadora, o financiamento atribuído ao grupo permitirá ainda “contratar quatro investigadores, dois pós-doutorados e dois técnicos”.
Este projeto articula-se com outros já em curso no i3S, como o RESTORE, no qual Meriem Lamghari é coordenadora e se centra no desenvolvimento de soluções de nanomedicina para a regeneração de cartilagem articular, o PREMUROSA, centrado na medicina personalizada para as doenças musculoesqueléticas e envelhecimento ativo, e ainda o Bonepainll, que tem como objetivo desenvolver novas terapias para a dor esquelética.
O projeto FLAMIN-GO é financiado em seis milhões de euros pela União Europeia no âmbito de uma Ação de Investigação e Inovação (RIA).
LUSA/HN
0 Comments