Só no caso do Hospital Francisco Zagalo, a principal unidade de saúde naquele concelho do distrito de Aveiro, a autarquia colocou três monoblocos junto ao edifício principal, um para agilizar o rastreio do vírus e dois para funcionarem como gabinetes de isolamento para utentes com suspeita de diagnóstico positivo.
Salvador Malheiro, presidente da Câmara Municipal de Ovar, disse que a medida resulta da consciência do executivo quanto às dificuldades que os profissionais do setor vêm enfrentando, à medida que aumentam os casos de Covid-19 e de gripe sazonal.
“Somos sensíveis às necessidades dos nossos utentes e dos profissionais, e, uma vez mais, investimos em substituição do Ministério da Saúde. Mas assim tem que ser. Para nós, a saúde estará sempre em primeiro lugar”, afirmou.
No aluguer e instalação dos referidos contentores foram assim gastos “cerca de 10.000 euros, suportado exclusivamente pela Câmara de Ovar”.
Além do Hospital Francisco Zagalo, também passaram a dispor de monoblocos outras unidades do concelho.
No caso da Unidade de Saúde Familiar (USF) Alpha, na freguesia de Válega, por exemplo, uma dessas instalações provisórias “está a funcionar como um gabinete de vacinação contra a gripe para os utentes de risco”.
Outras duas instalações servem de sala de espera, garantindo o distanciamento entre utentes “e criando um circuito independente, de forma a não interferir com o normal funcionamento” da estrutura.
Já os contentores distribuídos pela USF Laços de Cortegaça, pela USF João Semana de Ovar e pela USF de São João de Ovar “estão dedicados a salas de espera”.
Salvador Malheiro defende que esta solução não resolve os problemas atuais da rede de saúde local, porque no concelho ainda há postos médicos e USF que “continuam encerrados” desde o pico inicial da pandemia.
O autarca e vice-presidente nacional do PSD adiantou que a Câmara de Ovar se irá substituir ao Governo, que invoca como razão para o encerramento das estruturas de saúde a necessidade de obras de manutenção para fazerem face aos requisitos atuais de funcionalidade e segurança sanitária.
“O ministério alega, no entanto, falta de recursos financeiros [para executar as empreitadas] e vamos nós, uma vez mais, avançar com as desejadas obras, de valor superior a 35 mil euros, porque necessitamos que o Posto Médico de Arada, o do Furadouro, o de Maceda e o de São Vicente Pereira voltem a funcionar com a maior brevidade possível e estejam ao serviço da nossa população”, concluiu Salvador Malheiro.
Contactada pela Lusa, a Administração Regional de Saúde do Centro ainda não indicou quando pretende reabrir as unidades de Ovar que estão encerradas há meses, nem como pretende recuperar o atraso acumulado entretanto nas consultas de utentes.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de Covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já matou entretanto mais de 1,1 milhões de pessoas em todo o mundo, infetando mais de 40 milhões.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 2.198 óbitos entre 101.860 infeções confirmadas.
No caso específico de Ovar, cujo território de 148 quilómetros quadrados acolhe cerca de 55.400 habitantes, o último boletim epidemiológico da autarquia indicava um total acumulado de 899 doentes e 41 óbitos devido a Covid-19 desde o início da pandemia. Os casos ativos eram esta segunda-feira 76.
LUSA/HN
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