Vivemos na modernidade, na geração das tecnologias, dos ecrãs, na afirmação e ocupação do espaço social e outros, pela Inteligência Artificial (IA). Na Saúde como noutras disciplinas, a IA é útil, rápida e instrumento gerador de dados, metadados e indicadores, muito actual e aliada da gestão. Ninguém tem dúvida disso! Mas comunicação é comunicação e até para nos “relacionarmos” com as máquinas, precisamos de comunicar através de uma linguagem muito própria, onde algoritmos e fórmulas matemáticas, marcam o passo, desta forma “científica”, actual.
Comunicar entre as pessoas é inato. Saber comunicar é mais difícil, mais trabalhoso e varia conforme os contextos, percebendo-se sempre e com suporte a definições sociológicas que “a Comunicação refere-se à transferência de informação de um indivíduo ou grupo de indivíduos para outro, quer pela fala, quer através de outro meio”. Poderemos falar de sinais de fumo, do rufar dos tambores, ao uso do papiro desde o tempo dos Romanos, até ao papel de hoje, mais ou menos brilhante e múltiplas cores, nas comuns folhas A4, por SMS, ou “post” das novas tecnologias. Isto é Comunicação! E o Mundo pela teoria do filósofo e teórico da comunicação Marshall McLuhan, tornou-se na “aldeia global” com o uso dos meios de comunicação social electrónicos.
Nada se faz sem Comunicação! E esta tem de ser adequadamente trabalhada de acordo com o que queremos comunicar e onde queremos comunicar. Quem são os receptores da mensagem. Em que contexto estamos a comunicar.
A “Comunicação em Saúde”, é por isso difícil, desafiante e uma ferramenta imprescindível na relação entre os próprios Profissionais e Equipas de Saúde e os Pacientes e Familiares, destes. Para além de difícil é multifacetada, assente muitas vezes em diagnósticos, linguagem técnica sofisticada, ideias e sentimentos, entre todos os seus intervenientes. Muito do sucesso ou fracasso e adesão ao tratamento inicia-se precisamente com uma boa ou má comunicação. A relação de confiança está aqui presente e inserida.
Perante estas realidades, esta Comunicação exige uma série de parâmetros para a tornar eficaz, quiçá eficiente: clareza e objectividade, empatia, a escuta activa, adaptação à linguagem e ao contexto.
Temos para nós 3 exigências inamovíveis que devem estar presentes: A relação do Profissional de Saúde com os pacientes; As campanhas de informação claras e objectivas para o que se pretende, em termos de Saúde Pública; E na gestão de crises e catástrofes na Saúde – temos como exemplo desastroso, a má comunicação, cheia de ruídos e de “vários actores”, durante a Pandemia Covid-19, o que não deve acontecer! Assim, esta deve ser muito específica, objectiva e clara.
A “Comunicação em Saúde” encontra inúmeras barreiras que dificultam muitas vezes o sucesso ou melhores resultados e indicadores, começando pela falta de tempo dos Profissionais, decorrente do volume e sobrecarga de trabalho, com momentos menos personalizados. A ansiedade e o medo presente pode influenciar a compreensão e o reter de informação pelo paciente/familiar. A falta de empatia e o sobranceirismo dos Profissionais podem motivar distanciamento, dificultando a comunicação. As incertezas de diagnósticos, refugiando-se em linguagem e termos técnicos, para não demonstrar insegurança ou ignorância, ou qualquer outro sentimento. As possíveis patologias ou limitações inerentes à idade, como a diminuição da acuidade visual ou auditiva podem efectivamente limitar a compreensão do que é transmitido. E as diferenças culturais, cada vez mais presentes, nesta “aldeia global”, onde crenças e valores enraizados, atribuem significados diferentes ao que é comunicado. E como ponto importante destas barreiras, a falta de treino em comunicação de forma a torná-la mais clara, efectiva e assertiva, é um grande obstáculo a ultrapassar.
O respeito pelas diferenças e o reconhecimento das limitações são passos importantes na dignificação da relação entre todos, pacientes incluídos, para o sucesso da Comunicação em Saúde.
Na Saúde pretende-se e é necessária que a comunicação seja humanizada, eficaz, centrando-se no paciente, trazendo ou construindo-se uma melhoria da qualidade de vida, deste.
Assim, a Comunicação em Saúde, assume-se como uma estrutura de suporte central na “construção de um edifício” que não pode/não deve “sofrer abalos”, para uma confiança e sistema mais claro, humano e de eficiência, para os objectivos a atingir.
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