Numa declaração conjunta, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Aliança Global para as Vacinas (GAVI) assinalam que milhões de crianças, adolescentes e adultos estão em risco devido ao aumento de surtos de doenças como o sarampo, a meningite e a febre amarela.
“Cortes no financiamento da saúde global estão a colocar em risco décadas de progresso, enquanto surtos de doenças evitáveis por vacinas estão a aumentar em todo o mundo”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no comunicado.
As organizações internacionais avisam que, mesmo doenças que praticamente desapareceram graças à vacinação, como a difteria, ameaçam regressar, pedindo atenção política e financeira urgente para a situação.
A OMS, a UNICEF e a GAVI destacam o crescimento dos surtos de sarampo, com o número de casos a aumentar todos os anos desde 2021, tendo atingido os 10,3 milhões em 2023, um aumento de 20% em relação ao ano anterior.
Segundo o comunicado, a tendência “provavelmente” continuou e nos últimos 12 meses 138 países relataram casos de sarampo, 61 dos quais tiveram surtos significativos, “o número mais elevado desde 2019”.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal registou 14 casos confirmados de sarampo desde o início do ano e em 2024 foram notificados 35 casos confirmados da doença, após dois anos sem registo de casos.
A DGS salienta que Portugal tem uma cobertura vacinal elevada para o sarampo, mas alerta que “a introdução de novos casos pode acontecer e promover a disseminação em comunidades cuja cobertura vacinal não seja tão elevada”.
Segundo as agências da ONU, os casos de meningite e febre amarela também aumentaram significativamente em África em 2024.
As agências reconhecem ainda estar preocupadas com os crescentes surtos de meningite, face ao relato de 5.500 casos suspeitos em 22 países africanos apenas nos primeiros três meses deste ano, 300 deles mortais.
A OMS alerta que aproximadamente 50 países de rendimento baixo em todo o mundo deram conta de dificuldades em manter as suas campanhas nacionais de vacinação, principalmente devido à diminuição das doações.
As tendências de crescimento ocorrem num contexto de desinformação sobre as vacinas, aumento de crises humanitárias, crescimento populacional e cortes orçamentais, assinala o comunicado, sem mencionar especificamente a decisão dos Estados Unidos de cortar grande parte da sua ajuda externa.
Estas novas tendências de crescimento ocorrem no meio de desinformação sobre vacinas, aumento de crises humanitárias, crescimento populacional e cortes orçamentais, refere o comunicado, sem mencionar especificamente a decisão dos EUA de cortar grande parte da sua ajuda externa.
Os Estados Unidos cortaram 83% dos programas da agência de desenvolvimento norte-americana, a USAID, que era responsável por 42% da ajuda humanitária em todo o mundo.
Em 10 de abril, a OMS alertou para perturbações nos serviços de saúde em 70% das delegações nacionais inquiridas, “resultado das suspensões e reduções súbitas da ajuda pública ao desenvolvimento para a saúde”.
Na terça-feira, o diretor-geral da organização declarou que os cortes orçamentais dos Estados Unidos estão a deixar as contas da agência da ONU no vermelho, obrigando-a a reduzir operações e a despedir pessoal.
A propósito da sua conferência de doadores, que decorre a 25 de junho, o GAVI pediu pelo menos nove mil milhões de dólares (7,9 mil milhões de euros) “para proteger 500 milhões de crianças e salvar pelo menos oito milhões de vidas entre 2026 e 2030”.
A Semana Mundial de Imunização, promovida pela OMS, decorre de hoje até à próxima quarta-feira, dia 30.
lusa/HN
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