- Saúde: uma prioridade estrutural e éticaAs eleições legislativas representam uma oportunidade para recentrar a saúde como prioridade nacional. Na verdade, o tema nunca saiu do discurso público e político. O Serviço Nacional de Saúde não pode continuar a ser gerido por ciclos curtos, medidas avulsas e respostas tardias. A sua reconstrução exige visão, coragem e responsabilidade. Há três eixos centrais, entre vários outros, que devem merecer atenção imediata.
Recursos humanos em rotura.
Sem médicos, não há cuidados de saúde. A falta de profissionais, a desvalorização da carreira médica, a ausência de condições dignas de trabalho e a estagnação nas progressões têm provocado um preocupante abandono do SNS. A emigração e o afastamento para o setor privado são sinais de alerta. Valorizar quem cuida é garantir acesso, continuidade e qualidade no sistema público. Isso exige políticas claras de retenção, dignificação da carreira médica, respeito pela autonomia profissional e pelo ato médico. - Reorganização do SNS e da sua gestão.
O modelo atual está esgotado. A reforma da governação do SNS é inadiável: deve ser técnica, transparente e centrada em resultados. A autonomia de gestão, a responsabilização, a liderança clínica e a desburocratização são essenciais. É tempo de um sistema que respeite o conhecimento, valorize o mérito e promova uma verdadeira cultura de serviço público, com estabilidade e visão de longo prazo. - A centralidade da pessoa.
A humanização é um fator essencial de desenvolvimento de qualquer sistema de saúde. A saúde não pode ser apenas um processo administrativo. Exige ética, atenção, respeito, literacia e acesso digno. A independência técnica dos médicos e o seu próprio bem-estar são pilares essenciais para um cuidado responsável e não podem ser comprometidos por lógicas políticas ou economicistas. A humanização dos cuidados tem de ser mais do que um princípio, tem de ser uma prática transversal a todo o sistema.
A tutela tem a obrigação de garantir os meios e o ambiente certos para cuidar com qualidade, ciência e humanidade. É tempo de um novo compromisso com a saúde: estrutural, ético e duradouro.
AD/Ana Paula Martins: “Recursos humanos na saúde é a principal preocupação da AD”
Com as Eleições Legislativas 2024 à porta, as promessas nos partidos florescem. Mas o que é que a Aliança Democrática (AD) propõe de diferente para o setor da Saúde? Foi esta e mais perguntas que o nosso jornal quis ver respondidas em entrevista à candidata número três por Lisboa. Em Exclusivo, Ana Paula Martins afirmou que a coligação PSD/CDS-PP e PPM quer resolver de vez o problema de recursos humanos na saúde, garantindo: “Não vamos reter ninguém. Somos completamente contra pactos de permanência”. Entre as diversas propostas da AD destaca-se a implementação de um Plano de Emergência SNS 2024-2025, um Plano de Motivação dos Profissionais de Saúde, a digitalização e reorganização de algumas áreas do sistema.
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