Os estudos genómicos começaram após o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, e outros especialistas do Reino Unido terem manifestado a sua preocupação com a possibilidade de as vacinas não serem eficazes contra a variante sul-africana.
“Esta é a questão mais premente que enfrentamos neste momento”, afirmou Richard Lessells, especialista em doenças infecciosas que está a trabalhar nos estudos genómicos da variante do país.
“Estamos a fazer experiências urgentes no laboratório para testar a variante”, com o sangue de pessoas com anticorpos e de pessoas que receberam vacinas, disse hoje Richard Lessells à agência Associated Press.
Os testes, chamados ensaios neutralizantes, ajudarão a determinar a fiabilidade das vacinas contra a variante, acrescentou.
A variante sul-africana (501.V2) é mais infecciosa do que o vírus original e tornou-se rapidamente dominante nas zonas costeiras do país.
Espera-se que a variante se torne rapidamente dominante no interior de Joanesburgo, a maior cidade do país, e na província vizinha de Gauteng, declarou.
A África do Sul está atualmente a sofrer um ressurgimento da Covid-19, com um rápido aumento do número de casos e mortes que estão a superar o que o país enfrentou no primeiro surto, que ocorreu em finais de julho do ano passado.
A África do Sul registou mais de 1,1 milhões de casos de Covid-19, com 29.577 mortes, de acordo com os números de hoje dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças.
A média de sete dias de casos novos diários na África do Sul aumentou, nas últimas duas semanas, subindo de 14,68 novos casos por 100 mil pessoas, em 20 de dezembro, para 23,20 novos casos por 100 mil pessoas, em 03 de janeiro.
Em relação às mortes, a média duplicou nas últimas duas semanas, passando de 0,34 mortes por 100 mil pessoas, em 20 de dezembro, para 0,68 mortes por 100 mil pessoas, em 03 de janeiro.
À medida que os hospitais da África do Sul se aproximavam do limite da sua capacidade, o Presidente Cyril Ramaphosa anunciou na semana passada um regresso às restrições destinadas a retardar a propagação da doença, incluindo uma proibição da venda de bebidas alcoólicas, o encerramento de muitas praias públicas, bem como a interdição de concentrações públicas.
O novo coronavírus que causa a Covid-19 é propenso a mutações e à criação de novas variantes, disse Richard Lessells.
“Como se faz mais vigilância genómica e melhor vigilância genómica, é quase certo que vamos ver mais variantes noutras partes do mundo”, prosseguiu.
Em África, há 67.246 mortos confirmados e mais de 2,8 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.843.631 mortos resultantes de mais de 85 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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