Jovens com doenças “muito críticas” devem ser prioritários na vacinação, defende Gouveia e Melo

31 de Março 2021

O coordenador da ‘task force’ para o plano de vacinação contra a Covid-19 defendeu esta quarta-feira que jovens que sofrem de “doenças muito críticas” e que não estão abrangidos pelo critério prioritário da idade “devem ser puxados para a frente”.

“O que nós devemos fazer, e é esta opinião que eu tenho transmitido à DGS, é que há doenças que podem atingir grupos etários muito mais jovens e são esses pequenos grupos que devem ter prioridade”, defendeu o vice-almirante Gouveia e Melo numa audição conjunta na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença Covid-19 e na Comissão de Saúde, pedida pelo PSD.

Para o responsável pelo plano de vacinação, se essas doenças forem muito críticas, independentemente de a pessoa ser mais jovem, pode ter “uma grande vulnerabilidade durante esta pandemia”.

“É isso que nós temos que tratar, encontrar doenças que estão a atacar grupos muito jovens e que podem não ser atingidos pelo critério de idade rapidamente e que devem ser puxados para a frente”, defendeu Gouveia e Melo em resposta a questões colocadas por deputados sobre grupos que deviam ser considerados prioritários para vacinação como os fisioterapeutas, pessoas com deficiência ou doenças raras, docentes do ensino superior ou trabalhadores de serviços essenciais.

“Todos os grupos são importantes, todos os grupos têm justificações de priorização. No entanto, as vacinas não dão para atender a todos os grupos. Não podemos ir de grupo em grupo profissional porque senão vacinamos Portugal inteiro, através dos grupos profissionais”, afirmou.

Para o coordenador do plano de vacinação, “o critério mais justo” a partir da segunda fase é o da idade.

“Quem decide é a Direção-Geral da Saúde, mas eu continuo a defender junto da DGS que este é o critério mais justo porque há uma correlação muito forte entre a maior parte das doenças e idade e fazendo a vacinação por faixas etárias decrescentes está a atacar-se também essas comorbilidades”, disse.

De acordo com Gouveia e Melo, a previsão é que se tudo “correr bem” no dia 04 de abril Portugal terá 94% dos maiores de 80 anos vacinadas e 77% das pessoas dos 50 aos 80 anos com comorbilidades tipo 2.

“Na semana a seguir fechamos a fase 1 em termos destes dois grupos porque teremos em princípio os 100% de vacinados, tirando algumas bolsas que por motivos de contacto não se consigam chegar a elas”, disse.

Para chegar a estes casos, estão a ser criados mecanismos, através das autarquias e de contactos de proximidade, incluindo a GNR, que tem o programa dos idosos para “evitar que idosos infoexcluídos ou isolados escapem à malha de vacinação”.

Segundo dados da DGS, já foram vacinadas em Portugal 1.641.946 pessoas.

LUSA/HN

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Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

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