Em comunicado enviado às redações a APDP aponta para três desafios no combate à diabetes e na promoção da saúde em Portugal. O primeiro desafio identificado pela associação diz respeito à redução do risco. “É necessário acabar com a visão de que a diabetes é uma doença provocada pelo estilo de vida, sem considerar a sua complexidade”.
Neste sentido a APDP defende uma abordagem da “saúde em todas as políticas” por considerar que “ajuda a projetar comunidades mais favoráveis à saúde e não à doença, através de melhores condições de habitação, emprego, transportes, entre outras políticas sociais. As escolas, de todos os níveis de ensino, devem integrar no seu currículo perspetivas práticas de educação para a saúde. As estratégias de prevenção e diagnóstico precoce devem envolver as organizações de base comunitária, além das unidades de saúde.”
O segundo desafio apontado pela associação é a integração de cuidados. “É fundamental reforçar os cuidados de proximidade, assegurando a sua agilização, garantindo um médico para cada cidadão, e criando uma forte articulação com as autarquias e o sector social. Devem ser implementados novos modelos de prestação de cuidados através da criação de unidades integradas e multidisciplinares, a exemplo do trabalho desenvolvido pela APDP, com objetivos centrados em resultados de saúde relevantes para as pessoas e que promovam a autonomia e os cuidados personalizados e centrados na avaliação de necessidades.”
O último desafio está relacionado com o acesso aos cuidados de saúde. A APDP afirma que “é essencial assegurar o acompanhamento, a vigilância e os cuidados de qualidade das pessoas com diabetes. A aposta na educação terapêutica e no apoio pelos pares deve ser incluída nos serviços de saúde, dada a evidência da sua eficácia para o apoio psicológico, melhoria dos resultados de saúde e bem-estar. O acesso à inovação deve ser garantido com base em modelos de avaliação que incluam as pessoas com diabetes e resultados que, para elas, sejam relevantes. A integração de novas tecnologias e a digitalização da saúde devem ser acompanhadas de estratégias de aumento da literacia em saúde e de mecanismos que assegurem que ninguém fica para trás.”
Para o presidente da APDP, José Manuel Boavida, é urgente apostar em medidas concretas e eficazes. “A resposta a estes desafios será tanto mais eficaz quanto melhor formos capazes de incluir as pessoas com diabetes em todos os níveis dos processos de decisão. É necessário mudar o paradigma da comunicação entre as pessoas com diabetes e o sistema de saúde e aproveitar todo o conhecimento que elas podem introduzir”.
Na mesma linha de pensamento João Raposo, diretor clínico da APDP que considera ser “importante que as entidades oficiais e governamentais assumam a implementação de ações sustentadas na experiência e no conhecimento existentes, incluindo o das associações de doentes”.
Este ano a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal comemora os 100 anos da descoberta da insulina e 95 anos da fundação desta associação.
PR/HN/Vaishaly Camões
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