Em declarações à agência Lusa, José Pedro Rodrigues, da SPG, disse que, apesar de afetar 10% da população portuguesa, “muitos não procuram ajuda médica por desconhecimento da doença e vergonha de falar dos sintomas”.
O secretário-geral do Núcleo de Neurogastrenterologia e Motilidade Digestiva da SPG explicou que esta condição funcional do intestino “não é diagnosticada por meios complementares de diagnóstico – que podem ser usados para excluir outras condições -, mas causa sintomas e alterações clínicas significativas que têm grande impacto na qualidade de vida de quem dela sofre, em termos de relações pessoais, sociais e laborais, além do impacto económico”.
O especialista referiu que quem sofre de síndrome do intestino irritável muitas vezes é estigmatizado e não é ouvido.
“Trata-se de uma doença que se enquadra nas doenças funcionais e que surge de uma alteração entre a comunicação do eixo cérebro-intestino, com ação da microbiota intestinal”, disse o especialista, explicando que, quando isto acontece, a pessoa sente dor abdominal e alteração do trânsito intestinal.
O gastrenterologista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental disse ainda que a doença tem alturas de remissão e outras mais complicadas e que pode ser afetada por fatores como o stress e a ansiedade.
“O que podemos fazer é identificar e tentar dar o máximo de qualidade de vida a quem tem o problema”, acrescentou.
O essencial, prosseguiu, é reconhecer primeiro o problema, para poder ser ajudado, e tentar promover hábitos de vida saudáveis, tanto na dieta como fazendo exercício, encontrando também equilíbrio emocional.
“Há fármacos para mitigar os sintomas, mas o fundamental é reconhecer o problema e trabalhar neste estilo de vida o mais saudável possível”, afirmou.
O especialista reconheceu que o próprio médico muitas vezes desvaloriza o sintoma: “Temos um modelo biomédico na nossa mente e ficamos satisfeitos não encontramos uma causa orgânica e dizemos a pessoa que não tem nada que lhe ponha em risco a vida, mas a pessoa continua em sofrimento”.
“Em muitos casos o diagnóstico médico não é fácil e pode confundir-se com entidades mais graves, nomeadamente doenças oncológicas, colite ulcerosa ou Doença de Crohn”, lembra a SPG no texto da petição, sublinhando a importância de dar voz a estes doentes, consciencializando a população em geral para uma patologia, que é “muitas vezes escondida pelos que dela sofrem e descredibilizada pelos que não têm conhecimento da sua existência”.
A SPG informa ainda que os primeiros sintomas da doença surgem entre os 20 e os 30 anos, afetando maioritariamente pessoas em idade ativa e produtiva.
“É uma doença com grande impacto económico, englobando custos diretos relacionados com as consultas médicas, investigação clínica, testes de diagnóstico, tratamentos prescritos e custos indiretos mais difíceis de quantificar e traduzidos pela diminuição da produtividade, pelo absentismo ao trabalho e pela diminuição da qualidade de vida”, refere ainda o texto.
LUSA/HN
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