Prevalência da variante associada ao Reino Unido é de cerca de 90% no país

27 de Abril 2021

A prevalência da variante do SARS-CoV-2 do Reino Unido continua a aumentar em Portugal, rondando já os 90% do total de casos de Covid-19, estimou esta terça-feira o investigador do INSA João Paulo Gomes.

“Há 15 dias nós estávamos com 83% dos casos de Covid-19 causados pela variante do Reino Unido e agora estimamos estar já nos 89, 90% à data de ontem [segunda-feira]”, disse o coordenador do estudo sobre a diversidade genética do novo coronavírus em Portugal na reunião do Infarmed, em Lisboa.

João Paulo Gomes explicou que a vigilância em Portugal no que diz respeito à variante do Reino Unido era feita com base no teste diagnóstico com a falha da deteção do “gene S” que foi perdendo robustez e permitia a vigilância contínua.

“Com o decréscimo acentuado do número de testes RT-PCR usados para diagnóstico que se tem verificado nas últimas semanas perderam alguma consistência e, portanto, agora fazemos exclusivamente esta vigilância com base nos dados de sequenciação”, adiantou.

Quanto à variante P1 do Brasil, associada a Manaus, João Paulo Gomes adiantou que Portugal tem neste momento 73 casos confirmados, sendo que 44 destes 73 foram identificados nos últimos 15 dias.

O investigador adiantou que esta variante, “que tanta preocupação em saúde pública tem gerado em termos internacionais”, tem registado uma tendência “significativamente crescente” nas duas últimas semanas e “Portugal não fugiu à regra”.

O cenário também “não é muito distinto” no que respeita à variante da África do Sul, em que todos os países estarão também a ter “um aumento considerável de novas confirmações” desta variante.

“Portugal está com um total de 64 casos, 11 dos quais identificados nas duas últimas semanas”, revelou o investigador na reunião de atualização da vigilância de variantes genéticas do novo coronavírus em Portugal, que junta peritos, Governo, Presidente da República e representantes dos partidos.

Mas, ressalvou, estes 64 casos em Portugal estão “muito longe” do que se observa, por exemplo, na Alemanha com mais de 1.000 casos, na França próximo dos 1.000 e na Bélgica e no Reino Unido que têm entre os 500, 600 a 700 casos.

“Naturalmente, que isto é o reflexo da abertura de fronteiras não só de Portugal mas em toda a Europa e, portanto, as variantes de preocupação que circulam nos países passaram a circular também de uma forma mais livre em todos os outros”, salientou o responsável pelo Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Ainda sobre a variante associada a Manaus, João Paulo Gomes disse que em janeiro Portugal não tinha circulação desta variante e em fevereiro e março tiveram “ótimas notícias”, porque houve uma estabilização a níveis residuais em termos de circulação desta variante de “tão grande preocupação clínica e epidemiológica”.

“No entanto, não temos dúvidas de que o mês de abril, e dentro de uma semana e pouco apresentaremos os dados completos, que alterará significativamente estes dados”, sublinhou.

Portanto, sustentou, “já não teremos uma circulação residual da variante de Manaus no país e a circulação será bastante mais significativa e o mesmo se passará com certeza com a variante P2 [associada ao Rio de Janeiro]”.

Na reunião de avaliação da situação epidemiológica no país, o investigador revelou ainda que foram detetados seis casos da variante indiana de Covid-19, responsável por um surto na Índia, na última semana em Portugal.

Na última semana, foram sequenciados cerca de 550 vírus dos 1800 previstos sequenciar dentro de cerca de “uma semana e meia”, adiantou o investigador.

LUSA/HN

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